A cantora, empresária e apresentadora Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em Nova York, nos Estados Unidos, em decorrência de complicações causadas por um câncer no intestino. Diagnosticada em janeiro de 2023, a artista realizava um tratamento experimental no exterior desde o retorno da doença, detectado no ano passado. A família organiza a repatriação do corpo para o Brasil, onde devem ocorrer o velório e o sepultamento nos próximos dias.
Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu no Rio de Janeiro em 1974, filha do cantor Gilberto Gil e da empresária Sandra Gadelha. Apesar de carioca, manteve desde a infância uma relação afetiva com a Bahia, onde viveu parte da juventude. Criada em um ambiente artístico e político, cresceu cercada por nomes centrais da Tropicália e da música popular brasileira, como Caetano Veloso e Gal Costa (seu tio e sua madrinha, respectivamente). Iniciou sua carreira como cantora aos 29 anos e tornou-se um dos grandes nomes da música pop nacional, com discos como Prêt-à-Porter, Preta, Noite Preta e o projeto carnavalesco Bloco da Preta.
Mulher preta, bissexual e fora dos padrões estéticos convencionais, Preta Gil fez de sua vida pública um espaço de luta contra opressões como o racismo, a gordofobia, a LGBTQIA+fobia e o machismo. Defensora dos direitos das mulheres e das pessoas LGBTQIA+, usou sua visibilidade para enfrentar preconceitos e ampliar as possibilidades de existência no meio artístico e na sociedade.
Ao longo da carreira, também se destacou como apresentadora, atriz e empresária. Participou de novelas e programas de televisão, fundou uma bem-sucedida agência de marketing de influência e lançou, em 2021, uma música ao lado do filho, o cantor Francisco Gil, também conhecido com Fran, integrante do trio Gilsons. Preta deixa um filho e uma neta.
Mesmo diante do agravamento da doença, Preta manteve uma postura pública de esperança, compartilhando sua luta com seguidores e incentivando a prevenção ao câncer. Em 2023, chegou a anunciar a remissão do tumor após uma cirurgia. No entanto, em 2024, exames detectaram novas metástases, levando ao reinício de tratamentos. Em seus últimos meses de vida, buscava terapias experimentais em centros médicos norte-americanos.
A morte de Preta Gil representa uma perda irreparável para a cultura brasileira. Sua voz potente, seu corpo político e seu espírito generoso continuarão a ecoar entre as gerações que ela inspirou. A Afirmativa se solidariza com os familiares, amigos, fãs e toda a comunidade que acompanhou e se reconheceu na história da artista.