Por Karla Souza
A acne em peles negras exige atenção redobrada devido às suas características únicas, como maior atividade das glândulas sebáceas, aquelas responsáveis pela oleosidade, e tendência à hiperpigmentação pós-inflamatória. Essa condição pode levar ao surgimento de manchas escuras após a cicatrização, dificultando a uniformidade da pele. Segundo a biomédica Jéssica Magalhães, especialista em pele negra, “a oleosidade extra aumenta as chances de obstruir os poros, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de acne”.
O impacto da acne vai além das questões dermatológicas. Um estudo conduzido por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, em parceria com universidades como Yale e Harvard, aponta que pessoas com acne enfrentam discriminação social e profissional.
O clima quente também contribui para o aumento da acne, especialmente em peles negras. Com temperaturas elevadas, o corpo produz mais sebo para proteger a pele, mas essa oleosidade excessiva pode obstruir os poros, desencadeando inflamações. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, “a cicatrização em peles negras tende a causar o depósito de melanina nas camadas internas, favorecendo o escurecimento da região afetada”.
Cuidados
A rotina de cuidados para prevenir a acne e minimizar as manchas deve incluir produtos específicos que limpem profundamente sem causar ressecamento. O uso de sabonetes com ácido salicílico, tônicos adstringentes e hidratantes em gel são recomendados. Esses produtos ajudam a controlar a oleosidade sem agredir a barreira natural da pele, de acordo com a biomédica Jéssica Magalhães. Além disso, ela conta que o protetor solar com cor desempenha um papel essencial ao proteger contra a luz visível, responsável por intensificar as manchas.
Outro ponto importante é evitar a manipulação de lesões de acne. Espremer espinhas pode transformar um problema temporário em manchas permanentes. Adesivos secativos são indicados como alternativa, já que ajudam a reduzir a inflamação e criam uma barreira que evita o toque. A biomédica ressalta também que manter uma rotina de cuidados diários é a melhor forma de promover a recuperação saudável da pele.
Segundo Jéssica, para tratar a hiperpigmentação já instalada, é necessário adotar abordagens específicas para peles negras. Clareadores como vitamina C e ácidos suaves, como o ácido mandélico, são opções eficazes. Procedimentos como microagulhamento e peelings químicos podem ser realizados, desde que sob orientação de profissionais capacitados, respeitando a sensibilidade da pele.
Produtos naturais também podem ser incorporados na rotina de cuidados. Máscaras de argila verde ajudam a controlar a oleosidade, enquanto sabonetes de enxofre possuem propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. “É importante garantir que qualquer produto natural seja utilizado de forma adequada e testado previamente para evitar alergias”, alerta a especialista.
“Manter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, frutas e alimentos antioxidantes, ajuda a regular a oleosidade e reduzir inflamações. Beber bastante água é essencial para manter a pele hidratada de dentro para fora.” aponta a biomédica.
Outros cuidados orientados por Jéssica são: evitar tocar o rosto com frequência; higienizar corretamente os acessórios que entram em contato com a pele, como celulares e fronhas; e reduzir o estresse, que é um grande gatilho para a acne. “O sono de qualidade também é fundamental para o equilíbrio hormonal e a saúde da pele”, completa.
A acne em peles negras requer atenção não apenas por suas implicações estéticas, mas também pelos impactos sociais e emocionais que provoca. Investir em cuidados adequados e buscar orientação profissional são passos essenciais para garantir a saúde da pele e prevenir complicações, como a hiperpigmentação.