Crise Militar: Comandantes das forças armadas rompem com o governo Bolsonaro

“O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos”, é o que diz a nota oficial da pasta, publicada na última terça-feira (30). Ainda segundo a nota, a decisão foi comunicada em reunião com presença do novo ministro da Defesa, o general Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos

A inciativa vem na sequência da demissão do general Fernando Azevedo do cargo de Ministro da Defesa

Por Andressa Franco

“O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos”, é o que diz a nota oficial da pasta, publicada na última terça-feira (30). Ainda segundo a nota, a decisão foi comunicada em reunião com presença do novo ministro da Defesa, o general Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças: Ilques Barbosa, Edson Pujol e Antônio Carlos Moretti Bermudez, respectivamente.

A inciativa do trio vem na sequência da demissão do general Fernando Azevedo do cargo de Ministro da Defesa na segunda-feira (29), mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro renomeou outros cinco ministérios, sob pressão política do Centrão.

Outro fator que influenciou na decisão dos Comandantes, foram as constantes falas do presidente em relação a utilizar “seu exército” para garantir o direito de ir e vir da população. Uma tentativa de confrontar os governadores e prefeitos que vinham tomando medidas restritivas mais severas, como o lockdown, devido à pandemia de covid-19 e o colapso no sistema de saúde. Em nenhuma dessas ocasiões, as Forças Armadas apoiaram o discurso do Governo Federal.

O cenário coloca Bolsonaro em uma posição de ainda maior isolamento político, visto que vem recebendo duras críticas e pedidos de mudanças dos mais diversos setores, devido ao comportamento do presidente no enfrentamento à pandemia.

O líder do PSL na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo, tentou pautar um projeto para dar ao presidente poder de acionar o Estado de Mobilização Nacional, previsto na Constituição apenas em tempos de guerra. O projeto apresentado pelo major, no entanto, permitiria que o presidente fizesse uso do dispositivo mesmo que o Brasil não esteja em guerra declarada, assim Bolsonaro teria o poder de mobilizar civis e militares em ações do Governo Federal, abrindo espaço para que policiais civis e militares, que hoje respondem aos governadores, passem a ficar sob as ordens do presidente da república. O projeto foi rejeitado pela maior parte dos líderes partidários, e na Câmara muitos viram como uma tentativa de preparação para um golpe.

Também na terça-feira (30), em seu primeiro ato público como novo ministro da Defesa, Braga Netto assinou e publicou a “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964”, para ser lida hoje, aniversário de 57 anos do golpe que instaurou a ditadura militar, em todos os quarteis e instalações miliares brasileiras.

No documento, o general se refere à data como “movimento de 31 de março de 64”, diz ainda que “As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”, e conclui afirmando que o período é parte da trajetória histórica do Brasil, e que a data deve ser celebrada.

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