“Quem essa negra pensa que é?”: Cliente que se identifica como juíza faz ataques racistas a operadora de caixa em supermercado de BH

Suspeita teria ameaçado trabalhadora e fugido antes da chegada da polícia

Por Karla Souza

Mariana Paula Cardoso, operadora de caixa de 25 anos, denunciou ter sido alvo de racismo enquanto trabalhava na última terça-feira (5), no supermercado EPA, em uma área nobre do bairro Belvedere, em Belo Horizonte (MG). A cliente, que se apresentou como juíza, proferiu insultos racistas contra a trabalhadora, gerando grande instabilidade emocional e interrompendo o trabalho, de acordo com a vítima. 

A polícia foi acionada imediatamente após o ocorrido, mas, segundo testemunhas, a suspeita deixou o supermercado antes da chegada dos agentes. Conforme o relato de Mariana ao G1, a suspeita, após ofender e ameaçar a operadora de caixa, efetuou o pagamento das compras via PIX, com uma conta registrada em nome de uma instituição de ensino superior localizada em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Essa informação pode facilitar a investigação e a identificação da suspeita.

O registro da ocorrência pela Polícia Militar descreve, ainda, que o fiscal do supermercado tentou intervir na situação, mas foi agredido fisicamente pela cliente, que teria lhe dado um soco no abdômen. A cliente, conforme consta no boletim, teria dito ao fiscal: “Quem essa negra pensa que é?”, além de outras expressões pejorativas direcionadas aos funcionários do local. Após ser contida pelo fiscal e pelo gerente do supermercado, a suspeita continuou proferindo ofensas raciais e, segundo testemunhas, tentou ainda agredir a operadora de caixa fisicamente.

A suspeita deixou o supermercado, danificando a cancela do estacionamento com o carro durante a fuga. Testemunhas relataram que ela dirigiu em alta velocidade ao sair do local, e no trajeto ainda ofendeu outros funcionários com palavras como “pobres” e “vagabundos”.

O supermercado EPA divulgou que sua equipe de gerência e segurança ofereceu todo o suporte necessário à vítima no momento do incidente, afastando a cliente e acionando as autoridades. Representantes da rede reiteraram que repudiam qualquer forma de discriminação e que estão colaborando com a polícia, fornecendo gravações de câmeras de segurança e o relato dos funcionários.


“Eu estava trabalhando, sabe? Já é tão difícil lidar com público. Eu fiquei com meu psicológico muito abalado. Ela me ameaçou várias vezes, falou que isso não iria ficar assim, que ela é juíza e que eu não conhecia ela. Fiquei em choque. Isso nunca tinha acontecido comigo”, relatou Cardoso ao G1.

Em nota oficial, a Polícia Civil informou que abriu um inquérito para investigar o caso como crime de racismo e agressão.

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