Por Elizabeth Souza
Em meio aos frequentes casos de racismo religioso em Pernambuco, povos de religiões de matriz africana e afro-indígena se movimentam nas encruzilhadas criando e fortalecendo estratégias de resistência, com direito à festa, alegria e luta. Motivada por essas articulações que a “Marcha para Exu Recife” está ganhando forma e deve acontecer no segundo semestre deste ano. Com o compromisso de propagar a palavra de que “Exu não é diabo”, o evento promete reunir religiosos e simpatizantes nas ruas da capital pernambucana.
“Pernambuco se prepara para saudar Exu como nunca antes!”, é com esses dizeres que o evento tem sido anunciado na página “Macumba Ordinária”, administrada por Renato Fonseca, juremeiro e um dos organizadores do evento. “Exu desde que o Brasil é Brasil, teve sua comparação com o demônio e isso amedrontou muita gente. A gente vai louvar Exu no meio da rua, a gente vai mostrar como se louva Exu e não simplesmente fazer a louvação, mas fazer uma defesa do nome dele, porque Exu não é, nunca foi e nunca será o diabo”, enfatiza.
De acordo com Renato, a previsão é de que a Marcha para Exu Recife aconteça em agosto deste ano. “A mensagem que a gente pretende passar na marcha é justamente que a gente pode sim ocupar todos os espaços tal qual os evangélicos. A gente sim pode fazer os nossos cultos nas encruzilhadas, em praças, em matas, em qualquer lugar, até porque a Constituição [Federal de 1988] nos garante a liberdade religiosa.”
Prévia
Abrindo caminhos para a realização da Marcha para Exu em Recife, Renato informa que estão sendo organizadas outras atividades que são o “esquenta” para a marcha. No próximo dia 26 de abril acontecerá o “Cabaret da Ritinha”, em homenagem à mestra da Jurema Sagrada (religião de matriz afro-indígena) que dá nome à festa. O evento acontecerá na Rua da Guia, no Centro do Recife, região em que Ritinha morou durante sua vida.
“Pra quem não sabe, Mestra Ritinha é uma mestra encantada da Jurema Sagrada, que teve toda a sua vida vivida ali na Rua da Guia, mais exatamente no Recife Antigo. É com essa ideia de ocupar as ruas, de levar a nossa ancestralidade, a nossa fé que vamos fazer a primeira macumba de Ritinha” finaliza.