Texto: Divulgação
Dados levantados pelo Instituto Fogo Cruzado indicaram um crescimento entre os marcadores de violência armada em ações policiais em Salvador e Região Metropolitana (RMS). Esses registros compõem o primeiro relatório semestral de 2025. O dossiê aponta que o número de mortos em chacinas policiais passou de 17 em 2024, para 57 neste ano. No ano passado, foram identificadas cinco chacinas policiais em seis meses, agora esse indicador saltou para 14.
Os seis primeiros meses do ano foram marcados por um total de 839 tiroteios, com 700 mortos e 164 feridos em Salvador e na região metropolitana (RMS). 42% dos tiroteios foram registrados em ações policiais, assim como 43,5% dos mortos e 26% dos feridos. Cresceu também o número de adolescentes baleados em ações/operações policiais, registrando alta de 367%. Foi de três adolescentes, no primeiro semestre de 2024, para 14 no mesmo período de 2025.
A piora dos indicadores relacionados a ações policiais não aparecem somente nesses recortes. Os dados mais amplos também evidenciam a letalidade policial, que é marcada pelo confronto e pela escassez de critérios de proteção à vida. O número de baleados em ações policiais cresceu 12% em comparação ao primeiro semestre de 2024. Em 2024, foram 309 pessoas baleadas (248 mortas e 61 feridas) em ações policiais de janeiro a junho; já em 2025, esse número subiu para 347 (305 mortas e 42 feridas).
Tailane Muniz, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, ressalta que os números do primeiro semestre são preocupantes e mostram que Salvador e RMS parecem seguir uma trajetória sem considerar as evidências. “Os dados do primeiro semestre de adolescentes e chacinas policiais mostram que a Bahia continua insistindo numa fórmula que deu errado: a política do confronto para fazer segurança pública. Ao menos 40% dos adolescentes foram baleados durante ações e operações policiais. Em qualquer país do mundo isso seria inaceitável.”
Neste primeiro semestre, Salvador e RMS registraram uma queda de 9% no número de tiroteios: foram 839 episódios de violência armada, contra 917 no mesmo período de 2024. Apesar da redução de tiroteios, a população está cada vez menos segura. O número de baleados e mortos em ações policiais continua subindo e ajuda a fixar a Bahia entre os estados com mais homicídios do Brasil segundo o Atlas da Violência 2025.
A maioria entre os baleados são pessoas negras
Entre as 864 pessoas baleadas no primeiro semestre de 2025, dentre as vítimas que tiveram identificação racial, 370 pessoas eram negras e 17 brancas. 809 eram adultas, representando 94% do total: 668 morreram e 121 ficaram feridas.
Houve ainda 35 adolescentes baleados: 23 morreram e 12 ficaram feridos. Onze idosos foram baleados: cinco morreram e seis ficaram feridos. Três crianças foram baleadas: duas morreram e uma ficou ferida.
Do total de baleados, 784 eram homens, 91% do total, dos quais: 658 foram mortos e 126 ficaram feridos. Entre as mulheres, 64 vítimas: 39 mortas, dentre elas, quatro vítimas de feminicídio, e 25 feridas.
O Instituto Fogo Cruzado trabalha na produção e divulgação de números sobre a violência armada também no Rio de Janeiro, Recife e Belém. Os dados são do monitoramento em tempo real realizado pelo instituto, por meio de um aplicativo com banco de dados aberto. As informações podem ser acessadas gratuitamente por meio de uma API ou aplicativo disponível para Android e iOS.