Por Patrícia Rosa com contribuição de Andressa Franco
A família de Alicya Alves Machado, de 10 meses, chora a perda da menina que faleceu na última quarta-feira (03), após uma parada respiratória na Unidade de Pronto Atendimento de Santo Inácio, em Salvador (BA). A criança deu cinco entradas em unidades clínicas da Rede Hapvida e do Hospital Teresa de Lisieux entre os dias 11 e 26 de março.
O tio de Alicya, Eduardo Machado, relata uma verdadeira peregrinação que a mãe e o pai, Lívia Alves e Leandro Jesus Machado, passaram em busca de cuidados médicos para a filha. Segundo ele, os profissionais justificaram que o quadro da paciente seria uma pequena bronquiolite ou provocado pelo nascimento dos dentes.
“Faltou uma atenção, procedimentos clínicos mais específicos. A criança estava retornando para a emergência e para os hospitais durante esse processo quase o tempo todo. E por que a família não teve um retorno à altura? Já que a criança estava insistindo no cansaço, na febre, inclusive teve parada em casa, que o pai reanimou”, afirmou o tio da criança.
Conforme o Relatório Médico da UPA, apresentado pela família, a criança faleceu às 07h55 da última quarta-feira (4). Ela deu entrada na unidade de saúde sem sinais vitais e foi encaminhada para a sala vermelha para medidas de reanimação, mas não resistiu.
Segundo informações da família, a mãe e o pai da bebê tiveram que insistir pelo atendimento em uma unidade de emergência da Hapvida e pela realização de exames adequados. Em um procedimento de raio-x, foi constatado que o coração da criança estaria inchado.
“O médico alegou que foi pela força que ela [a criança] fez para tirar o raio-x. O meu irmão questionou porque não fazia outro raio-x para ter uma certeza mais detalhada. E ele ouviu que se fizesse outro raio-x, a criança poderia pegar câncer. O meu irmão queria um resultado mais preciso do que a filha dele tinha. Afinal tinha quase 20 dias que a menina estava passando por essa situação”, diz Eduardo.
O advogado que representa a família, Wanderson Brum Aguilar, afirma que aguarda o resultado do Laudo Cadavérico emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), para que as medidas cabíveis sejam tomadas. O advogado analisa que, pela limitação de exames adequados e com a alta da criança, mesmo com a permanência dos sintomas, fica configurado que houve negligência médica por parte dos profissionais e por parte do plano.
“O que pode se desdobrar em duas consequências. Uma de ordem criminal, com a responsabilização dos médicos pela negligência que deu causa à morte, uma vez que se os procedimentos corretos fossem adotados o final da história teria sido outro. E, por outro lado, uma responsabilização civil do plano de saúde pelo atendimento negligente que causou a morte da criança”, explica o advogado.
O que diz a Hapvida?
A Rede Hapvida se pronunciou através de nota, afirmando que está apurando o caso, que lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com a família. Com relação aos atendimentos, a rede declarou que a paciente deu entrada na unidade nos dias 23 e 24.
“Ela foi medicada e liberada com orientações para retornar se houvesse sinais de piora ou não melhora, após uso das medicações e pelo período determinado pelo especialista”. O Hapvida ainda ressalta que, não houve a necessidade de internamento, pois exames constataram que a paciente não apresentava quadro para ficar internada.
A família se preparava para comemorar o primeiro ano da pequena Alicya no dia 13 de maio. A criança foi sepultada na última quinta-feira (04), no Cemitério Quinta dos Lázaros.
“Revolta, dor e incapacidade são os tons que nos cercam, mas a crença, a unidade e o amor são o amparo para seguir e exigir justiça por Alycia”, finaliza o tio da da menina em nota publicada nas redes sociais.