Comitê Impulsor da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras realiza reunião aberta em Brasília

Como o tema “Reparação e Bem Viver”, a marcha acontecerá em novembro de 2025 e o Movimento de Mulheres Negras do DF terá um papel fundamental nesta mobilização

Da Redação

Mulheres negras de diferentes movimentos sociais do Distrito Federal (DF) se reuniram na última terça-feira (20) para debater estratégias para a construção da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontecerá em novembro de 2025 na capital federal. Durante o encontro, que aconteceu no Centro Cultural de Brasília (CCB), e foi convocado pelo Comitê Nacional Impulsor da Marcha, foram debatidas a data de inauguração do escritório operativo central da Marcha, bem como ideias e estratégias para alcançar as mulheres negras da região.

“Na conjuntura do Brasil, só nós, mulheres negras, podemos fazer algo como a marcha acontecer”, destacou Valdecir Nascimento, membro da coordenação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, e integrante do Comitê Impulsor. Apontamento que se mostrou ainda mais certeiro em meio ao (re)encontro de gerações, em que se misturavam mulheres que ajudaram a construir a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo a Violência e pelo Bem Viver, realizada em 2015, e as novas integrantes que almejam construir a 2ª edição. 

Dentre as iniciativas que foram apresentadas, as referentes ao escritório operativo da Marcha foram os principais pontos. O dia 19 de novembro de 2024 foi sugerido como a data para a inauguração do espaço. “Precisamos pensar com muita responsabilidade esse espaço, porque a Marcha não acaba em 25 de novembro do ano que vem”, frisou Selma Dealdina, liderança da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq),  mencionando os trabalhos posteriores de organização e avaliação pós-marcha. 

Durante as falas também foi reforçado a necessidade de realizar mobilizações e estratégias que extrapolem o plano piloto de Brasília em direção às Regiões Administrativas (RA’s) e aos estados próximos, onde estão a maioria das mulheres negras da região.

Durante a roda de conversa foram apresentadas sugestões, como a de Lays Araújo, integrante do Blogueiras Negras, que mencionou a criação de comitês domésticos nos territórios, para além do escritório central. “Usar a casa das pessoas que moram nas outras regiões, como Taguatinga, Ceilândia, para fazer reuniões locais, e trazer representantes para vir ao plano manter o Comitê Central ativo e aquecido”, pontuou.

“É também importante mobilizar recursos para que as pessoas das RA’s possam participar do comitê para que o dia 19 de novembro seja grande, seja bonito e a gente mostre nossa força”, completou.

Reparação e Bem Viver

Articulando o enfrentamento às violências que estruturam o Brasil através da história, a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras convida a sociedade brasileira a refletir os impactos de quase 400 anos de escravidão, e as injustiças que este sistema gerou e ainda gera. O debate sobre Reparação vem se popularizando em todo o mundo, fala sobre distribuição das riquezas geradas a partir da exploração da mão de obra negra, mas vai além de compensações financeiras, ela exige mudanças estruturais que enfrentem a desigualdade racial nas esferas da educação, emprego, nutrição, saúde, afetividade, religião e moradia. Implica no reconhecimento e valorização da cultura e identidade negra, no cuidado e ampliação da Memória das opressões coloniais. Além de promover a equidade de oportunidades, assegurando que as futuras gerações possam crescer sem as barreiras impostas pelo racismo. 

O tema também aciona o paradigma do Bem Viver – pactuado pelo Movimento de Mulheres Negras na Carta da Marcha contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver de 2015 -, que rejeita o modelo desenvolvimentista violento do capitalismo e propõe  uma outra dinâmica política, através da superação do racismo, do sexismo, da LGBTQIA+fobia e de todas as formas de discriminação. É uma agenda que visa a efetivação da justiça social, onde todos possam coexistir com respeito e dignidade, em convivência harmoniosa com a natureza e o meio ambiente.

Comitê Impulsor Nacional

O Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras é composto pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Fórum Nacional de Mulheres Negras, Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência, Rede de Mulheres Negras do Nordeste e Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira. Podem ingressar o Comitê Impulsor redes, articulações e fóruns nacionais e regionais de mulheres negras, ou de movimento negro misto – desde que a representação seja feita por mulheres negras lideranças destes movimentos.

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