Por Patrícia Rosa
A 13ª Delegacia Territorial de Cajazeiras (DT/Cajazeiras) investiga uma denúncia de violência obstétrica que teria levado à morte do bebê durante um parto na Maternidade Albert Sabin, em Salvador (BA).
O caso aconteceu na última quinta-feira (31), Liliane Ribeiro, uma mulher negra, estava de 31 semanas e tinha prescrição médica para passar por uma cesariana. De acordo com ela, a recomendação não foi respeitada e a gestante foi submetida ao parto normal. Segundo a denúncia da família, após uma série de complicações a bebê foi puxada pelo pescoço, e o procedimento teria gerado uma lesão que levou a morte da criança.
Em reportagem da TV Bahia, Liliane relatou uma série de violências e descaso médico que sofreu durante o parto. A paciente relatou ter ouvido falas violentas da equipe antes de entrar na sala de parto. Teriam dito que ela seria ‘rasgada até o talo’ e que deveria ‘botar força’. Em outro relato, descreveu ter sido mandada a ‘parar de presepada’ por um funcionário.
O relatório médico da maternidade, apresentado durante a reportagem, justificou que Liliane evoluiu para um trabalho de parto natural e houve uma distocia de ombro, que ocorre quando um ombro fica encaixado durante o parto e o bebê fica preso no canal vaginal, o que teria levado ao óbito fetal. A família não aceitou a declaração do hospital de que a bebê nasceu morta e pediu que o corpo fosse encaminhado para o Instituto Médico Legal-IML.
“Como minha filha saiu de mim morta se antes de entrar na sala de parto ela estava viva? Se eu senti ela mexer? Se a médica mostrou para meu marido a cabecinha dela mexendo? Se eles tentaram reanimar? Minha filha não estava morta”, relatou a mãe da criança.
Por meio de nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) se colocou com profunda consternação diante do ocorrido na maternidade e tratou o caso como “incidente”. A Sesab declarou que todas as medidas de apoio e acolhimento à família foram imediatamente tomadas. Uma sindicância será aberta para apurar o caso.
“Todos profissionais da Maternidade Albert Sabin são orientados a dar um tratamento digno a todos as pacientes. As condutas devem ser pautadas por um bom acolhimento e melhor assistência”, justificou a secretaria.
No entanto, a vítima declarou que não recebeu acolhimento por parte da maternidade, “o tratamento lá dentro é terrível, eu não desejo para ninguém”, desabafou Liliane.