Por Catiane Pereira*
Em Maceió (AL), uma jovem negra denunciou através das redes sociais ter sido vítima de racismo ao ser demitida por usar tranças no ambiente de trabalho. Gabriela Barros, modelo e estudante de Publicidade e Propaganda, relatou que sofreu constrangimentos e perseguições por parte da ex-gestora enquanto trabalhava como vendedora da empresa de consórcio Polibank.
No vídeo, publicado na última semana, a jovem revela que, mesmo usando tranças nagô por apenas um dia, foi pressionada a retirá-las. Com receio da demissão e preocupada com sua situação financeira, a jovem acatou a decisão.
Tempos depois, ao trançar novamente o cabelo com um penteado que descreve como “bem comum”, Gabriela voltou a ser alvo de hostilidade. Segundo ela, a superior afirmou que seu estilo — incluindo cabelo e vestimentas — não combinava com o “perfil da empresa”.
A situação se agravou quando, no terceiro dia com as tranças, a funcionária foi chamada para uma conversa reservada. “Ela disse que eu tinha dois dias para tirar as tranças. Chegou a dizer que me ajudaria, se eu quisesse. Afirmou que meu cabelo parecia coisa de loja hippie. Dessa vez, decidi não ceder. Vai contra o que acredito, contra minha ancestralidade”, declarou a jovem.
Gabriela conta que continuou comparecendo ao trabalho normalmente, mas foi surpreendida com a ordem para se retirar do local. A exigência de retornar apenas sem as tranças teria sido feita diante de outros colegas, expondo ainda mais a violência simbólica da situação. Na mesma ocasião, sua aparência foi comparada com a de uma funcionária branca. “Mesmo tendo sido vítima de racismo, cumpri meu aviso prévio. Disseram que eu não tinha o ‘perfil social’ da empresa”, desabafou.
O caso está sendo acompanhado pelo advogado Pedro Gomess, que ajuizou uma reclamação trabalhista com audiência marcada para agosto. O advogado disse à Afirmativa que a demissão de Gabriela configura uma prática discriminatória baseada em critérios raciais.
“A Ordem dos Advogados do Brasil acionou o Ministério Público para apurar se houve crime de racismo. Ao meu ver, é notório. Racismo é impedir alguém de exercer seus direitos em função da cor da pele ou de traços ligados à identidade racial. E foi exatamente o que aconteceu com Gabriela: ela foi barrada no seu direito ao trabalho por usar tranças — uma expressão ancestral da população negra”, afirma Pedro Gomes.
A Afirmativa entrou em contato com a Polibank para comentar o ocorrido, mas até o fechamento desta matéria não tivemos retorno.
Com informações da Alma Preta Jornalismo e UOL*