Texto: Divulgação
Uma pesquisa realizada em abril deste ano pela L’Oréal Luxe, em parceria com o movimento Mover e a Rede Black Sisters in Law, revelou que 91% dos consumidores negros da classe AB já sofreram situações de racismo em lojas de alto padrão, incluindo abordagens invasivas, tratamento indiferente e falta de produtos voltados para peles negras no estoque. Os dados mostram que, apesar do aumento da representatividade negra em campanhas de marcas de luxo, nos bastidores, o consumidor negro ainda não é respeitado.
A baiana Thainá Pitta, estrategista que já trabalhou com grandes marcas, festivais e eventos, explica que as marcas precisam entender que inclusão não é performance. Ela ressalta que, quando uma pessoa negra sofre discriminação em uma farmácia, restaurante ou salão de beleza, nenhuma campanha publicitária consegue reparar o dano causado. Além disso, reforça que as empresas devem parar de tratar diversidade como uma estratégia de imagem e passar a enxergá-la como uma estrutura de cuidado.
“Em um mercado onde 37% dos consumidores da classe AB são negros e mais de 60% na classe C, a negligência não é apenas injusta, é estrategicamente burra. Estudos da Ipsos e da Columbia mostram que campanhas com representatividade racial aumentam o engajamento, mas também revelam que esse efeito some quando não há coerência entre discurso e prática. Nós, consumidores negros, já aprendemos a distinguir quando estamos sendo representados e quando estamos sendo instrumentalizados, e isso muda tudo”, afirma.
A especialista defende que diversidade sem mudança concreta é apenas uma estratégia momentânea, destacando que o consumidor negro está cansado de ser reduzido a um símbolo ou tratado como um “problema”. Em vez de focar em como a marca quer ser vista, argumenta, é preciso perguntar como ela deseja fazer as pessoas se sentirem.