Por Késsia Carolaine
Um servidor da Prefeitura de Salvador (BA) foi preso em flagrante na noite da última sexta-feira (8) sob suspeita de agredir a namorada, de 36 anos, em um apartamento no bairro Caminho das Árvores. Segundo a Polícia Civil, Antônio Carlos Couto Carahy Neto cometeu os crimes de lesão corporal, ameaça e injúria contra a vítima, que teria sido agredida física e verbalmente. Com a ajuda de vizinhas, a mulher conseguiu sair do imóvel e ir até a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), no bairro de Brotas.
Durante a abordagem policial, uma pistola, um carregador e 13 munições foram encontrados em posse de Antônio Carlos. Ele foi conduzido para a Casa da Mulher Brasileira. Em audiência de custódia, realizada no domingo (10), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) pediu a homologação da prisão em flagrante e recomendou a adoção de medidas cautelares para proteger a vítima.
Apesar de homologar a prisão, o juiz concedeu liberdade provisória ao suspeito, impondo medidas que incluem comparecimento bimestral em juízo por um ano, proibição de se aproximar da vítima a menos de 300 metros ou de manter contato por qualquer meio e recolhimento domiciliar noturno entre 22h e 6h. Antônio Carlos também está proibido de frequentar locais de venda ou consumo de bebidas alcoólicas e eventos, e teve o registro da arma de fogo apreendida suspenso. O descumprimento das medidas pode levar à revogação da liberdade provisória e a novas sanções.
Ele negou ter agredido diretamente a vítima, alegando que tentou segurá-la durante uma confusão causada por ciúme e que não sabe informar como o sangramento dela aconteceu. A Prefeitura de Salvador confirmou nesta terça-feira, dia 12, a exoneração de Antônio Carlos, que trabalhava na Secretaria de Mobilidade (Semob). Em nota, a gestão municipal repudiou “todo e qualquer tipo de violência contra a mulher”.
Aumento do número de casos de violência contra a mulher acende alerta
Durante o mês de julho e começo de agosto, alguns casos de agressão contra mulheres acenderam um alerta para o aumento desse tipo de ocorrência. No dia 26 de julho, em Natal (RN), Igor Eduardo Pereira agrediu a namorada, Juliana Garcia dos Santos, com 60 socos que a deixaram com o rosto desfigurado. As cenas da agressão foram registradas pelas câmeras do elevador e ganharam repercussão nacional. Igor está preso e foi indiciado por tentativa de homicídio.
No Distrito Federal, no dia 1º de agosto, o empresário Cleber Lúcio Borges, de 55 anos, agrediu a companheira com socos e cotoveladas também em um elevador. A vítima sofreu diversas fraturas no rosto, além de edemas pelo corpo.O homem foi preso em flagrante e responde pelo crime de lesão corporal.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2025), o número de denúncias de agressões contra as mulheres aumentou de 256.584 em 2023 para 257.659 em 2024. Os casos de feminicídio também registraram aumento, chegando a 1.492 registros, o que representa quatro mulheres mortas por dia no país. Dentre as vítimas, 63,3% foram identificadas como mulheres negras. É o maior índice registrado desde 2015. Além disso, 70,5% das mulheres tinham entre 18 a 44 anos e oito em cada dez foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros.
Os casos recentes e os dados alarmantes do Anuário evidenciam que a violência contra a mulher continua a assolar o Brasil. O aumento das denúncias e e dos feminicídios – que atingem de forma desproporcional as mulheres negras e jovens – revela a urgência de ações efetivas. Além da prisão dos agressores, é fundamental combater as estruturas dessa violência com políticas públicas de prevenção, ampliação da rede de apoio às vítimas, educação para a igualdade de gênero e fiscalização das leis já existentes.