Texto: Divulgação
Em agosto deste ano, o entregador de aplicativo Valério Júnior foi baleado no pé pelo policial penal fora de serviço José Rodrigo da Silva Ferrarini, ao se recusar a subir para entregar o pedido na porta do apartamento. O crime aconteceu em um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), e é um dos casos que ilustram a persistente violência envolvendo agentes de segurança fora do serviço. Entre janeiro e agosto de 2025 foram registradas 136 pessoas baleadas em cenários como esse.
Em comparação com o mesmo período de 2024, houve um aumento de 5% no número de pessoas baleadas na presença de agentes de segurança fora de serviço. O levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado contabiliza os casos de 57 municípios, e mostra que em média quatro pessoas são baleadas por semana nessas circunstâncias, a identificação racial das vítimas não foi disponibilizada. Só na metropolitana do Rio de Janeiro, como Valério Júnior, foram mapeadas 70 pessoas baleadas ainda este ano, das quais 33 morreram.
Em abril deste ano, o sargento da Polícia Militar Leonardo Vieira Gomes, de 40 anos, foi preso em flagrante após assassinar Amanda Carolina Pacheco Pereira no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes (PE). A vítima bebia com o companheiro na casa da madrinha, quando foi baleada pelo agente. Em condições similares, outras 15 pessoas foram baleadas no estado, na região metropolitana do Recife. Dessas, sete morreram.
Na Bahia, em Salvador e na região metropolitana, o cenário se repete. Foram 28 casos envolvendo agentes fora de serviço. Ao todo, 14 pessoas foram mortas e 14 ficaram feridas. Em fevereiro, o soldado Vanderson de Jesus Correia, lotado na 81ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) atirou na companheira, identificada como Neide de Jesus Campus, e depois tirou a própria vida. O crime aconteceu no Cia 2, em Simões Filho.
No Pará, a região metropolitana de Belém mapeou 23 casos envolvendo vítimas e 12 pessoas morreram. Em maio, o personal trainer Alberto Wilson dos Santos Quintela, foi morto a tiros no bairro da Sacramenta, em Belém, em frente a academia em que ele trabalhava. O autor do crime, Rodrigo Alves Ferreira, que era policial militar, foi alvejado e morto logo depois, por uma testemunha que presenciou a ação.
O Instituto Fogo Cruzado trabalha na produção e divulgação de números sobre a violência armada também no Rio de Janeiro, Recife e Belém. Os dados são do monitoramento em tempo real realizado pelo instituto, por meio de um aplicativo com banco de dados aberto. As informações podem ser acessadas gratuitamente por meio de uma API ou aplicativo disponível para Android e iOS.