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Indústria da música capta US$ 33 bilhões em receitas, enquanto artistas negros enfrentam dificuldades

Dados cruzados do Panorama do Mercado Global de Música, da Mordor Intelligence, com o estudo britânico ‘Black Lives in Music’ (BLiM), revelam um panorama amplo do cenário artístico.
Imagem: Freepik

Texto: Divulgação

Em meio a uma indústria que capta US$ 33 bilhões e cresce em 8% ao ano, segundo a Mordor Intelligence (2025), o mercado da música tem mostrado que artistas negros lutam para transformar barreiras em protagonismo. No começo da década, o estudo britânico ‘Black Lives in Music’ (BLiM), realizado em parceria com a Opinium Research, revelou que 88% dos profissionais negros na música concordam que há barreiras na progressão de carreira. 

A amostragem feita no Reino Unido evidenciou que, mesmo com a expansão do mercado, ainda existe uma longa caminhada para artistas afrodescendentes. Isso porque apenas 38% dos músicos negros conseguem obter 100% de sua renda da música, enquanto esse número sobe para 69% entre os músicos brancos. Os números expõem a desigualdade na distribuição de recursos dentro do setor, realidade que tem gerado preocupações entre profissionais e gestores de carreira.

Por outro lado, embora o sonho de “viver da música” ainda pareça distante para muitos, é na cena independente que muitos talentos têm encontrado seu espaço. 

“Se olharmos para a última meia década, o que mais chama atenção é o protagonismo da arte negra, cada vez mais presente e contundente na cena. Apesar dos desafios desta indústria bilionária, que ainda coloca barreiras raciais para o topo da carreira, vemos a ascensão de artistas e profissionais pretos que dialogam com suas comunidades, conquistam nichos e transformam o mainstream, desde os fenômenos da MTV até os dias de hoje”, avalia , a empresária Marcela Silva, que gerencia os artistas Zai (MPB), Cinara (R&B) e também atua como booker da SAMBAIANA.

Amadurecimento da cena independente

Para Marcela, o amadurecimento da cena independente tem revelado um ‘novo perfil’ dos artistas, incentivado pelo protagonismo negro. Ela explica que a construção de reputação se tornou um ativo tão valioso quanto a própria obra, a fim de superar os desafios do mercado. A gestora cultural observa que esse movimento tem ganhado força entre artistas que se expressam a partir de suas origens e referências culturais. Segundo ela, a identidade deixou de ser apenas estética e passou a ser um símbolo de diferenciação e autenticidade. 

“A comunidade negra abraçou essa conduta artística como ninguém. O resultado? Protagonismo negro na cena independente. Reputação e autonomia artística como nenhuma outra cena. Assumir essa estética causou uma identificação”, comenta.

Nos últimos anos, Marcela tem observado o próprio mercado refletir essa mudança, com a ascensão de artistas negros que transformaram suas narrativas em projetos sólidos e independentes. Nomes como Cinara, Liniker, Xênia França, BK’ e Duquesa, que têm furado a bolha do trap, conquistando o pop e a cena global, exemplificam um modelo de carreira que se apoia na verdade artística e na autonomia, segundo a especialista. 

Esse protagonismo ganha ainda mais relevância em períodos como o Novembro Negro, quando a cultura se torna vitrine de resistência, inspiração e pertencimento. “O Novembro Negro reforça a importância de reconhecer o impacto da arte produzida por artistas pretos na formação do que consumimos. Da letra ao som, junto às performances, eles carregam um pedaço da história e da identidade coletiva que se aproxima ao novo público”, revela. 

A especialista destaca que o mercado da música vive uma transição decisiva. Por anos, a construção de imagem foi pautada pela estética do consumo de “artistas moldados”, para caber em estratégias de visibilidade. No entanto, a empresária afirma que os novos consumidores buscam discurso alinhado à verdade e ao pertencimento. 

“O artista contemporâneo precisa representar algo além de um hit: ele precisa ter propósito, coerência e identidade. O consumo musical deixou de ser apenas sobre o ‘som’, e passou a ser um símbolo social”, finaliza.

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