Texto: Divulgação
“DeNegrir”, uma montagem que tem como objetivo provocar reflexão sobre como a língua portuguesa perpetua estruturas racistas, chega ao Rio de Janeiro e tem apresentações agendadas até o dia 30 de novembro. O espetáculo une dança, teatro, poesia, videografismo e linguagem de sinais. Nos dias 28 e 29 de novembro, às 19h, a apresentação acontece no Teatro Cacilda Becker, e no dia 30, a peça tem início às 18h. Com entrada gratuita, a classificação indicativa é de 16 anos.
A obra parte de expressões do vocabulário brasileiro como “denegrir”, “criado mudo” e “fazer nas coxas”, para discutir as conotações racistas enraizadas no cotidiano. Com direção de Fábio França e Salasar Junior, que também idealizou o projeto, o espetáculo é estruturado como um território de denúncia e celebração: denuncia o racismo estrutural na linguagem e celebra a ancestralidade negra.
Salasar Junior, que estreia como solista, explica que a provocação começa pelo título. “Em muitos dicionários, ‘denegrir’ é associado a algo sujo ou negativo, quando na verdade significa ‘tornar negro’. Isso revela como a sociedade ainda opera com pilares racistas, inclusive na linguagem.”
A pesquisa do espetáculo se baseia em pensadores como Lélia Gonzalez, Frantz Fanon e Achille Mbembe, que discutem como a linguagem pode legitimar estruturas racistas. O trabalho também homenageia importantes nomes da arte e da luta negra no Brasil, como Abdias do Nascimento, Zezé Motta e Elisa Lucinda, entre outros.
Fábio França ressalta que “DeNegrir” é um chamado para reconhecer o protagonismo negro na construção do país. “Mais do que um espetáculo, é uma convocação para que o Brasil reconheça a dignidade e a grandeza de sua população negra.”


