Da Redação
Celebramos no próximo sábado, 13 de abril, o Dia Nacional da Mulher Sambista. A efeméride foi instituída a partir da Lei 14.834, sancionada na última quinta-feira (4) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A data marca o nascimento da cantora, compositora e instrumentista Yvonne Lara da Costa, conhecida como Dona Ivone Lara.
A norma é oriunda do projeto de lei (PL) 3.057/2021, da Câmara dos Deputados. O senador Cid Gomes (PSB-CE) foi o relator da proposta na Comissão de Educação e Cultura (CE), e declarou que o objetivo é dar visibilidade às sambistas e reconhecer a importância das mulheres nesse gênero musical. “A instituição da data comemorativa dará visibilidade a outras mulheres brasileiras, que se destacaram e ainda hoje assumem um papel proeminente na história do samba”, diz em seu relatório.
Dona Ivone Lara
Biógrafos divergem sobre o ano de nascimento da sambista carioca, provavelmente em 1921. Ela foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo, em 1965, intitulado “Os Cinco Bailes da História do Rio”. Também foi a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba, a Império Serrano.
Formada em enfermagem e serviço social, Dona Ivone Lara era bisneta de escravizados, e, de acordo com biografia divulgada pela Agência Senado, teve contato com a música tanto no ambiente familiar, onde ouvia samba e choro, quanto no colégio interno para onde foi após se tornar órfã da mãe, onde aprendeu hinos cívicos e coros regidos pelo maestro Heitor Villa-Lobos.
Enquanto enfermeira, teve papel fundamental na luta pela reforma psiquiátrica no Brasil, ao lado da médica psiquiatra Nise da Silveira. Foram mais de 30 anos voltada para essa atividade, até se aposentar e passar a se dedicar exclusivamente à carreira artística.
Sua composição mais famosa, em parceira com Délcio Carvalho, foi “Sonho Meu”, de 1978. A canção foi gravada pela primeira vez no mesmo ano, por Maria Bethânia e Gal Costa no LP “Álibi”, de Maria Bethânia. No decorrer dos anos, foi regravada por diversos músicos, como Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Clementina de Jesus, Leci Brandão, Diogo Nogueira e Adriana Calcanhoto.
Ao longo da carreira, Yvone Lara gravou 15 álbuns e assinou a composição de dezenas de canções.
Entre os prêmios e homenagens recebidos, Dona Ivone Lara foi condecorada em 2016 com a Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração do Governo Brasileiro à área da cultura. Também foi tema do enredo da Império Serrano em 2012: “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba”.
A plataforma Sambabook celebrou sua trajetória na música em 2015, reunindo diversos artistas para interpretar suas músicas, como Maria Bethânia, Elba Ramalho, Criolo, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Adriana Calcanhoto, Diogo Nogueira e Zélia Duncan.
A rainha do samba viveu até os 97 anos, falecendo em 2018 por insuficiência cardiorrespiratória. O velório foi realizado na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira. Na época, nomes como Xande de Pilares, Péricles, Emicida, Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Dudu Nobre, Maria Bethânia, Maria Rita e representantes de escolas de samba lamentaram a partida da cantora.