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Artista viraliza ao reconstruir desenhos racistas e provocar debate sobre estereótipos históricos

Vídeos de Nailah Elon reimaginando ilustrações do século 19 reacendem discussões sobre racismo visual e a origem de estereótipos como a melancia e o frango frito
Imagem: Reprodução Redes Sociais

Por Catiane Pereira

A artista estadunidense Nailah Elon viralizou nas redes sociais ao reconstruir ilustrações históricas com conteúdo racista, muitas delas presentes no livro The Story of Little Black Sambo (1899). Ao redesenhar as figuras, ela oferece novas narrativas e dignidade a personagens originalmente tratados de forma caricata e desumanizante.

As publicações de Nailah chamaram a atenção de usuários brasileiros, que identificaram paralelos entre as representações racistas produzidas nos Estados Unidos e aquelas difundidas no Brasil ao longo do século 20. Em vídeos e postagens, a artista explica que seu trabalho busca expor como imagens ajudaram a consolidar percepções negativas sobre pessoas negras.

“O desenho original é outra imagem do livro The Story of Little Black Sambo. A obra tem raízes racistas — das caricaturas exageradas ao uso do termo ‘Sambo’, um insulto racial. Imagens como essa foram usadas para criar percepções falsas sobre afro-americanos, algo que ainda hoje influencia, de maneira nociva, a forma como pessoas negras são tratadas”, afirmou a artista em uma de suas publicações.

Em entrevista ao site Mundo Negro, Nailah destacou que muitos desses desenhos utilizavam a melancia como elemento depreciativo. Para ela, o símbolo foi distorcido após a abolição da escravidão nos EUA: pessoas negras libertas passaram a cultivar e vender a fruta como forma de autonomia econômica, mas essa narrativa de emancipação foi transformada por grupos brancos em motivo de ridicularização.

A artista lembra que a construção desse estereótipo se repetiu em outros alimentos, como o frango frito, associado de forma racista à população negra desde produções como O Nascimento de uma Nação (1915) e estabelecimentos segregacionistas como o restaurante “Coon Chicken Inn”. Embora carregados por conotações pejorativas, esses alimentos fazem parte da tradição afro-americana e da cultura soul food, marcada por resistência e identidade coletiva.

Para Nailah Elon, reconstruir as imagens racistas do passado é uma forma de enfrentamento ao legado dessas representações. Sua arte, além de revisitar o passado, incorpora elementos da cultura negra contemporânea e celebra referências afro-americanas. Ao ressignificar símbolos de opressão, a artista transforma suas ilustrações em ferramenta de reflexão, educação e afirmação cultural.

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