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Assassinato de jovem em crise psiquiátrica reacende debate sobre ações violentas de polícias no Brasil

Mesmo com vídeo da ação, Polícia Civil concluiu por legítima defesa e família luta para reverter decisão na Justiça
Imagem: Arquivo Pessoal

 Por Luana Miranda

Em setembro deste ano, o jovem Herick Cristian da Silva Vargas, de 29 anos, foi assassinado em casa por policiais militares, na cidade de Porto Alegre (RS). O caso voltou a circular nas redes sociais nos últimos dias após as imagens do crime, gravadas por uma câmera corporal dos agentes, serem divulgadas pelo advogado da família.

Herick foi diagnosticado com esquizofrenia e estava em surto psicótico após uso de drogas. Foi quando a mãe acionou a polícia para ajudar a contê-lo. Nas imagens, é possível ver os policiais entrando na residência e, a princípio, dialogando com o rapaz, que se encontrava sentado no chão, ao lado da mãe. Herick se levanta e avança na direção dos policiais, um dos agentes utiliza uma arma de choque que faz com que ele caia no chão, onde é amparado pela mãe e pela tia que tentam acalmá-lo.

O jovem se levanta mais uma vez e vai em direção aos policiais, em seguida, os agentes pedem para que os familiares se afastem e efetuam quatro disparos em Herick, que não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. No áudio que acompanha o vídeo, é possível ouvir um dos familiares gritar: “não atira nele, não precisava”. Após os disparos, também é possível ouvir a mãe gritando, em choque: “A gente chamou vocês para ajudar, não para matar meu filho.”

No dia 10 de novembro, a Polícia Civil concluiu no inquérito que os militares envolvidos na ação agiram em legítima defesa, ainda que Herick não estivesse portando nenhuma arma ou objeto que pudesse ferí-los. Com a definição, não há indiciamento dos policiais militares envolvidos no fato. Vale destacar que no início da gravação também é possível ouvir um dos policiais, ainda na viatura, afirmando: “tem que fritar esse louco.” 

O relatório final foi encaminhado para a Justiça e passará para o Ministério Público. Em caso de concordância entre as instâncias sobre as alegações de legítima defesa, o caso seguirá sem punição aos envolvidos no assassinato e será caso arquivado. Os policiais que participaram da ação foram afastados enquanto o inquérito era finalizado, após esse resultado, eles poderão retornar normalmente às atividades.

O assassinato de Herick, dentro da sua própria casa, mostra o despreparo dos agentes da Polícia Militar frente a situações em que não devem ser utilizadas força bruta e armas de fogo, a exemplo de uma crise psiquiátrica. A mãe de Herick acionou a polícia pois acreditou que os agentes públicos saberiam contornar a situação de maneira segura e sem riscos à vida das pessoas envolvidas. O cenário que ocorreu foi completamente oposto. A família continua contestando a versão da Polícia Civil em busca de reverter o quadro na Justiça.

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