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Ativista brasileira fundadora do Mães de Manguinhos ganha “Nobel dos Direitos Humanos”

 Após a perda do filho em uma ação policial em 2014, Ana Paula Gomes de Oliveira fundou o coletivo “Mães de Manguinhos”
Imagem: Fundação Martin Ennals

Por Matheus Souza

A ativista brasileira Ana Paula Gomes de Oliveira, foi eleita vencedora da edição 2025 do Prêmio Martin Ennals, em Genebra, na Suíça. O prêmio, conhecido como “Nobel dos Direitos Humanos”, é dedicado aos defensores e protetores da pauta que se destacam em criar iniciativas que ajudem e transformem suas comunidades.

Ana Paula fundou o coletivo “Mães de Manguinhos” depois que seu filho de 19 anos, Johnatha de Oliveira Lima, foi assassinado em uma favela quando voltava da casa da namorada, no bairro de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 2014. O jovem foi baleado nas costas por um policial militar. 

Uma década após o crime, em março de 2024, os jurados do 3º Tribunal do Júri da capital decidiram que o policial militar Alessandro Marcelino de Souza, réu pelo assassinato de Johnatha, cometeu um homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A Defensoria Pública do Rio entrou com recurso pela condenação, mas ainda não foi julgado.

Na ocasião do crime, os agentes tentaram enquadrar o jovem como criminoso, mas Ana Paula conseguiu inocentar o filho das acusações. Na busca por testemunhas, a ativista e sua irmã, Patrícia, encontraram outra mãe que teve o filho assassinado meses antes, também em uma ação policial na favela. Unidas pela dor da perda e da injustiça, elas criaram o que viria a se tornar o coletivo.

O grupo, formado por Mães da Favela de Manguinhos que tem filhos encarcerados ou que perderam seus filhos para a polícia, realiza mobilizações pela memória, verdade, justiça, reparação e a responsabilização dos agentes violadores. Além disso, também trabalham no acolhimento de mulheres negras, especialmente mães e familiares de vítimas da violência do Estado, por meio de ações de apoio, trocas e fortalecimento coletivo na elaboração do luto e na inserção nas lutas sociais. 

O presidente do júri responsável pela premiação, Hans Thoolen, declarou que, mesmo após a perda do filho, Ana Paula foi capaz de oferecer apoio à outros. “A violência racista que assola as ruas do Brasil merece toda a atenção do governo federal e da comunidade internacional”, adicionou.

Além da ativista brasileira, a estudante ugandense Aloikin Praise Opoloje, que luta contra a corrupção em seu país natal, e a ativista tunisiana Saadia Mosbah, cofundadora da Mnemty ( “Meu Sonho”, em árabe), principal organização dedicada ao combate ao racismo e à discriminação racial na Tunísia, também foram finalistas neste ano. A cerimônia de entrega do prêmio acontece no dia 26 de novembro, na Suíça. 

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