Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Auditores fiscais acionam STF contra Ministro Luiz Marinho em caso de trabalho escravo na JBS

Coordenadores fiscais do Ministério do Trabalho temem que interferência do Ministro comprometa a integridade da investigação contra trabalho escravo na JBS Aves
Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado/Divulgação

Por Matheus Souza 

A Associação Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Anafitra) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. O motivo é a decisão dele de assumir pessoalmente um processo que poderia incluir a JBS na lista suja do trabalho escravo no país, algo que, segundo os auditores, compromete a independência da fiscalização. Em nota pública, os profissionais declararam que a decisão causou “profunda estranheza e preocupação”.

Na ação, chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), a entidade pede que o STF declare inconstitucional o artigo 639 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. Esse dispositivo é o que permite ao ministro do Trabalho “avocar” processos administrativos — isto é, retirar de instâncias técnicas para decidir diretamente. Foi com base nesse artigo que Marinho passou a conduzir o caso da JBS Aves.

O pedido foi feito no dia 30 de setembro, dias após nove coordenadores estaduais de Combate ao Trabalho em Condições Análogas à Escravidão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entregarem seus cargos executivos, no dia 25 de setembro. O protesto se deu pela decisão do ministro Luiz Marinho em um caso de trabalho escravo envolvendo a JBS Aves, empresa da holding J&F dos irmãos Wesley e Joesley Batista.

A empresa foi autuada em maio deste ano por trabalho análogo à escravidão no Rio Grande do Sul. No ano passado, uma operação federal resgatou 10 trabalhadores  em uma empresa terceirizada contratada para serviços de carga e descarga na unidade da JBS Aves no estado.

O relatório da operação apontou que os trabalhadores eram submetidos a jornadas de até 16 horas, alojamentos sem água potável e descontos ilegais nos salários. Em agosto, fiscais responsabilizaram a JBS por não fiscalizar a empresa contratada. A inclusão da empresa na lista suja impediria que a instituição tivesse acesso a determinados financiamentos, além de causar perdas financeiras e de imagem significativas.

A decisão de Marinho foi apoiada por um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), que emitiu parecer autorizando o ministro a avocar o processo, citando a relevância econômica da JBS. A “avocação”, prevista na CLT, dá ao ministro poder para intervir em processos administrativos já concluídos. 

Em mais de duas décadas de existência da força-tarefa que gerencia a ‘lista suja’, nunca houve uma intervenção ministerial direta nesse tipo de processo.

Compartilhar:

.

.
.
.
.

plugins premium WordPress