Por Karla Souza
A Bahia apresentou o menor percentual de alfabetização entre os estados brasileiros, conforme revelou o Indicador Criança Alfabetizada, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) na última sexta-feira (11). Apenas 36% das crianças matriculadas no 2º ano do ensino fundamental em escolas públicas baianas conseguem ler e escrever textos simples.
O dado evidencia um cenário que necessita de atenção e ações efetivas, diante da meta nacional estabelecida para 2024, que previa ao menos 60% de crianças alfabetizadas até os sete anos de idade. A projeção atual do governo federal é que, até 2030, 80% das crianças estejam alfabetizadas na idade certa.
O levantamento abrangeu cerca de 2 milhões de estudantes em 42 mil escolas públicas, espalhadas por 5.450 municípios. Roraima foi o único estado que não participou da avaliação, alegando que quase metade de suas escolas está localizada em áreas indígenas, o que exige outro tipo de metodologia.
No caso do Rio Grande do Sul, a queda nos índices foi significativa, de 63,4% para 44,7%. A avaliação do MEC é de que esse resultado pode estar diretamente relacionado às enchentes que atingiram o estado no primeiro semestre de 2024. As cheias interromperam o calendário escolar, destruíram escolas e obrigaram milhares de famílias a deixarem suas casas.
Na outra ponta, o Ceará teve o melhor desempenho do país, com 85,3% das crianças alfabetizadas até o final do 2º ano. Entre os estados que registraram os maiores percentuais de estudantes alfabetizados, superando a meta nacional, estão: Goiás (72,7%), Minas Gerais (72,1%), Espírito Santo (71,7%) e Paraná (70,4%).
Já entre os menores índices de alfabetização, oito estados pertencem às regiões Norte e Nordeste: Amazonas (49,2%), Alagoas (48,6%), Pará (48,2%), Amapá (46,6%), Rio Grande do Norte (39,3%), Sergipe (38,4%) e Bahia, com o pior resultado do país, com 36%. O Rio Grande do Sul, da região Sul, também figura entre os piores, com 44,7%.
Em entrevista à reportagem especial da Afirmativa sobre o tema, Marta Lima de Souza, Professora Associada II da Faculdade de Educação da UFRJ, lembra que a população negra, em virtude das violências e opressões sofridas, teve o seu direito à educação negado, postergado ou interrompido ao longo dos anos, principalmente da segunda metade do século XIX até aqui. Fatores que atingem diretamente os números preocupantes das regiões Norte e Nordeste.
“Em pesquisa em andamento, tenho compreendido que fatores históricos, legais e de políticas públicas contribuem para a persistência desses dados como causas históricas e problemas estruturais”, explica.