Após estupro e morte de menina de 12 anos por garimpeiros, comunidade Yanomami é encontrada queimada e desabitada

“Cadê os Yanomami?”. A pergunta, ainda sem resposta, tem tomado as redes sociais e foi um dos dez assuntos mais comentados do Twitter brasileiro na manhã de terça-feira (3). O caso se refere ao desaparecimento de mais de 20 indígenas de uma comunidade queimada após uma menina indígena de

Por Andressa Franco

Imagem: Reprodução web

“Cadê os Yanomami?”. A pergunta, ainda sem resposta, tem tomado as redes sociais e foi um dos dez assuntos mais comentados do Twitter brasileiro na manhã de terça-feira (3). O caso se refere ao desaparecimento de mais de 20 indígenas de uma comunidade queimada após uma menina indígena de 12 anos, da comunidade de Aracaçá, região de Waikás, em Roraima, morrer depois de ter sido estuprada por garimpeiros. 

Terça-feira (3), Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), tornou o caso público. Segundo Hekukari, uma mulher, a menina e uma criança foram levadas para o acampamento de um garimpo ilegal de ouro, onde a yanomami passou a ser violentada. Afirma ainda que a mulher, tia da menina, tentou impedir, mas foi jogada no Rio Uraricoera, junto com a outra criança.

Outra denúncia feita pelo presidente diz respeito ao sequestro, também por parte de garimpeiros, de uma mulher indígena e seu filho de três anos, que foi atirado em um rio e segue desaparecido. Os yanomamis que ainda estão na região não se manifestaram ainda a respeito dos crimes, por medo. Já que, de acordo com o próprio Hekukari, foram ameaçados e cooptados pelos garimpeiros.

Um vídeo gravado por garimpeiros dias antes mostra um homem falando com parte desses indígenas: “Estão dizendo que mataram uma índia, estupraram e jogaram, viemos aqui para relatar que isso é uma mentira. Isso é uma verdade ou uma mentira? Aconteceu?”, pergunta ele a quatro pessoas, que apenas balançam a cabeça e dizem “não”.

Em entrevista ao Mídia Ninja, Hekukari, que visitou a região em Roraima nos dias 27 e 28 de abril, junto a equipes da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), afirmou que avistou a comunidade onde viviam cerca de 24 yanomamis, agora queimada e desabitada.

“Em todos meus 35 anos, nunca vi isso. Um Yanomami não abandona sua casa, a menos que seja uma situação muito grave. Quem queimou? Por que queimou? Para onde eles foram?”, questiona o ativista, que também encontrou na visita à região um acampamento ilegal de garimpeiros a 500 metros da aldeia.

Em nota conjunta divulgada na última quinta-feira (28), a Polícia Federal, Funai e Sesai informaram que vão prosseguir com a investigação que, até o momento, não encontrou nenhum indício dos crimes de óbito por afogamento, nem do estupro e morte da adolescente. 

Nas redes sociais, ativistas, políticos, artistas e sociedade civil cobraram respostas e pressionaram a investigação. “A nossa dor é como se não tivesse importância nesse país. Uma comunidade inteira sumiu (ou teve que sumir), após denunciarem que garimpeiros estupraram até a morte uma criança de 12 anos e jogaram outra criança, de 3 anos no rio”, escreveu a pré-candidata à deputada federal pelo PSOL em São Paulo e coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, 

A única indígena no Congresso Nacional, a deputada federal Joênia Wapichana (Rede), afirmou que está em pauta na tarde desta terça-feira (3), na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, o requerimento que apresentou para criação de um GT de acompanhamento da situação dos povos indígenas Yanomami. “Que a Câmara possa se debruçar, debater e encaminhar recomendações sobre essa grave situação”.

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