Por Matheus Souza
Imagens capturadas pela câmera corporal da Polícia Militar e divulgadas para a imprensa na última terça-feira (15) ajudam a compreender o contexto da morte de Igor Oliveira de Moraes Santos, de 24 anos, na favela de Paraisópolis, na última quinta-feira (10). As imagens das câmeras corporais vão de contra a versão dos policiais do 16º BPM/M, envolvidos na ação.
Nas gravações, é possível ver o momento em que o policial Renato Torquatto da Cruz atira duas vezes contra Igor, que estava atrás da cama com as mãos levantadas e apoiadas na cabeça. Os primeiros disparos não o atingiram, mas, em seguida, o cabo fez novos disparos, baleando o jovem. As imagens também mostram o cabo Robson Noguchi de Lima atirando contra Igor logo depois dele ter sido atingido por Renato.
As imagens constam no auto de prisão em flagrante da Polícia Militar, que autuou ambos os agentes. Outros dois policiais, Hugo Leal de Oliveira Reis e Victor Henrique de Jesus, foram indiciados apenas por apresentarem versões incompatíveis com as imagens captadas pelas câmeras corporais. Para o juiz que determinou a prisão preventiva, os cabos agiram com “desprezo pela vida alheia”.
Renato e Robson são integrantes da equipe da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (ROCAM) do 16º BPM, considerado o segundo batalhão mais letal do estado de São Paulo. No momento da abordagem, Renato efetuou quatro disparos com uma pistola; Robson, disparou uma vez com uma espingarda; Hugo e Victor atiraram duas vezes cada com pistolas.
A hipótese de legítima defesa foi descartada, já que não foram verificados elementos que pudessem legitimar a ação dos agentes em realizar os disparos contra Igor. “As imagens registradas com o advento das câmeras não evidenciam qualquer excludente de ilicitude, pois em nenhum momento o civil Igor demonstrou resistência ativa ou passiva à ação dos policiais, tampouco qualquer ameaça concreta à integridade física destes”, declarou o 1º tenente João Paulo Ferreira Cabreira, responsável pelo auto de prisão, em sua justificativa.
Os dois policiais presos foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes. Nenhum dos dois se manifestou durante o interrogatório da autoridade judiciária militar. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado paralelamente à investigação conduzida pela Polícia Civil. O processo agora corre em segredo de justiça.