Por Karla Souza
A Escola de Papel, uma instituição de ensino particular localizada em Feira de Santana (BA), está sendo acusada de lesbofobia após restringir a participação de um casal de mães na comemoração do Dia das Mães. Larissa Porto e Mariana Leonesi, mães de uma menina de 4 anos diagnosticada com autismo, afirmam que a escola limitou a presença a apenas um representante no evento. A situação ganhou repercussão após ser divulgada pela jornalista e criadora de conteúdo Lorena Coutinho.
O evento ocorreu no dia 4 de maio, mas a denúncia de Lorena nas redes sociais, classificando a postura da escola como discriminatória, trouxe o caso à tona recentemente. Em entrevista à rádio TransBrasil Feira, Mariana Leonesi explicou a situação.
A mensagem enviada pela instituição dizia: “Boa tarde, família! Estamos entrando em contato, pois verificamos dois nomes de representantes na lista de homenagens às mães ou responsáveis. Estamos preparando esse momento com todo o carinho que a mãe ou representante merece, contudo, tratando-se de um ambiente de educação, no qual a construção e cumprimento de regras inclui ética e respeito ao direito do outro, enviamos um comunicado anterior, enfatizando que cada criança terá direito somente a um representante por família (…). Acreditamos que o direito de um é o direito de todos, e sei que vocês prezam por essa postura. (…)”
Mariana detalhou que a escola enviou um comunicado, mesmo sabendo que a família era composta por duas mães, indicando que apenas um responsável poderia participar. “Quando a gente pensa em isonomia a gente tem que olhar para questões de tratar as diferenças existentes. Somos duas mães e, portanto, as duas mães precisavam naquele momento serem homenageadas e receber todo carinho e afeto que a nossa filha teria para nos dar” disse.
Ela ainda ressaltou que esta não é a primeira vez que enfrentam resistência, mencionando dificuldades semelhantes no Dia dos Pais.
O casal considerou a possibilidade de retirar a filha da escola. Porém, a criança tem transtorno do espectro autista, e mudanças bruscas em sua rotina podem resultar em estresse e ansiedade.
A Revista Afirmativa tentou obter um posicionamento da Escola Asas de Papel, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.
Direito a família por lei
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade equiparar as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres, reconhecendo a união homoafetiva como um núcleo familiar. Este reconhecimento está entre as maiores conquistas da comunidade LGBTQIANP+ no âmbito do direito de família e sucessões.