Da Redação
O distrito de Queimadas, em Horizonte, no Ceará, celebra um marco histórico na educação. Foi inaugurada a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Quilombola Antônia Ramalho da Silva, a primeira escola quilombola do Ensino Médio em tempo integral do estado, de acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). A unidade, fruto direto da mobilização do movimento quilombola, atenderá mais de 200 estudantes.
A criação da escola representa não apenas a ampliação do acesso ao ensino, mas também o reconhecimento das identidades quilombolas e da importância da educação na valorização da cultura e da história do povo negro.
Para Aurila Quilombola, professora, coordenadora nacional da CONAQ e liderança no Ceará, o momento é de celebração coletiva. “Esse momento no Ceará é de mais que uma conquista (…) A escola chega para o fortalecimento da educação escolar quilombola”, afirmou em vídeo publicado no Instagram.
Aurila destacou ainda que a conquista é resultado de uma luta contínua da comunidade: “Tudo é fruto da luta, só a luta e a educação mudam a vida”. Para ela, a inauguração da EEMTI Antônia Ramalho da Silva simboliza resistência, esperança e transformação.
Com emoção, a liderança quilombola também fez questão de homenagear as pessoas que não desistiram ao longo do processo, cuja luta contribuiu para a inauguração do equipamento de ensino, no dia 18 de agosto. “Esse momento é de gratidão, alegria e de parabéns às lideranças que não desistiram dessa luta”, disse.
Com investimento de R$12,9 milhões, a nova escola oferece uma estrutura que inclui quatro salas de aula, laboratórios de Ciências e de Informática, biblioteca, auditório, quadra poliesportiva coberta, além de jardins, áreas de convivência, refeitório, cozinha e espaços acessíveis. A EEMTI Antônia Ramalho da Silva busca valorizar a identidade quilombola ao propor um currículo que nasce das experiências da comunidade, organizado em oito eixos: memória, oralidade, comunidade, territorialidade, ancestralidade, tecnologias, saúde da população quilombola e protagonismo da mulher quilombola.