Por Catiane Pereira*
O poder de consumo de pessoas negras no mundo deve movimentar US$ 1,7 trilhão nos próximos cinco anos, segundo projeção da consultoria McKinsey & Company. Apesar do avanço econômico, o grupo permanece entre os mais afetados pela falta de serviços adequados e pela má qualidade no atendimento em diversas áreas de consumo.
No Brasil, uma pesquisa inédita do Instituto DataRaça em parceria com o Instituto Akatu, divulgada em novembro, indica que 34% dos consumidores negros afirmam ter sido vítimas de discriminação racial em espaços de convivência. As situações são mais comuns em lojas de vestuário (24,5%), shoppings (17%), supermercados (16,8%), órgãos públicos (5,5%) e salões de beleza (1,8%).
Para a consultora de imagem identitária Cáren Cruz, investida na 9ª edição do Shark Tank Brasil, a discriminação sofrida por jovens negros não pode ser desvinculada do legado histórico da escravidão. “A sociedade ainda enxerga o corpo negro a partir do estigma, e não da potência. A superação desse quadro exige letramento racial”, afirma.
Mesmo sendo 55,5% da população brasileira, segundo o Censo 2022 do IBGE, pessoas negras continuam enfrentando barreiras relacionadas à estética, circulação e acesso a ambientes de prestígio. Esse cenário também afeta o mercado: 24,6% dos consumidores negros deixaram de comprar em estabelecimentos percebidos como racistas, aponta a McKinsey.
Cáren defende que a estética negra seja reconhecida como parte estruturante da cultura brasileira. “A moda é um território de disputa e invenção. Quando deslocamos estereótipos e celebramos a pluralidade das estéticas negras, abrimos caminho para maior presença preta em todas as esferas socioeconômicas”, conclui.
*Com informações de Afro.TV


