Texto: Divulgação
Setembro de 2025 marcou mais um mês de violência armada em Salvador e Região Metropolitana. A região registrou 105 tiroteios durante todo o mês. Desse total, 51%, equivalente a 54 casos, ocorreram durante operações policiais. Os dados são do relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado de 2025, divulgados nesta quinta-feira (09). Ao todo, 93 pessoas foram mortas e 25 ficaram feridas. Das vítimas identificadas, mais da metade eram pessoas negras, um total de 54 vítimas.
A segunda cidade com maior número de casos foi Camaçari, com oito tiroteios e nove mortos, seguida por Lauro de Freitas e Simões Filho, ambas com seis tiroteios registrados no mês de setembro.
O estudo analisou oito cidades da região, e Salvador aparece como a cidade mais violenta, com 78 tiroteios, 67 mortos e 19 feridos. Os bairros mais afetados foram: Águas Claras, Boca do Rio, Brotas, Engenho Velho da Federação, Federação e Sussuarana.
Letalidade policial
Um dos casos foi o de Marcus Vinícius Alcântara, jovem autista de 26 anos, assassinado a tiros em Salvador (BA), na tarde do último dia 22 de setembro. Segundo moradores, ele se assustou com uma ação policial e, ao correr, foi alvejado por militares da Rondesp BTS.
Outro caso foi o do adolescente Caíque dos Santos Reis, de 16 anos, morto a tiros durante uma ação da Polícia Militar no bairro de São Marcos, em Salvador (BA), no último dia 28 de setembro. De acordo com relatos, os policiais chegaram à comunidade durante um campeonato de futebol amador e, pouco depois, teriam iniciado os disparos que resultaram na morte de Caíque e de um homem não identificado.
Nos dois casos, as vítimas eram homens, jovens, negros e moradores da periferia da cidade. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, entre as pessoas assassinadas, 86 eram homens e sete eram mulheres cis, trans ou travestis. Entre os feridos, 20 eram homens e cinco eram mulheres.
Registro de assassinato de duas mulheres trans
Setembro foi o único mês, desde o início das atividades do Instituto Fogo Cruzado, com o assassinato de duas mulheres trans, mortas entre os dias 4 e 11. Desde o início do monitoramento do Fogo Cruzado em Salvador e na Região Metropolitana, em julho de 2022, foram registradas 13 pessoas trans atingidas por disparos de arma de fogo, sendo 11 mulheres mortas e 2 feridas. Das vítimas trans, 89% eram negras.
