Texto: Divulgação
A palavra de ordem do espetáculo instalação (NU) Madrugada me Proteja é constrangimento. Com texto de Cuti e Leno Sacramento em colaboração com o elenco, a peça se propõe a tocar aqueles, que mesmo não tendo a pele preta, entendem o que é ficar constrangido ao ter que se despir diante da sociedade, e esta não é uma metáfora.
O espetáculo foi estreado em julho e volta a cartaz no mês de agosto, no Museu Afro Brasileiro UFBA (MAFRO), no Pelourinho, em Salvador (BA), sempre às terças, às 19h até o dia 27 de agosto. A peça é um convite ao debate e reflexão sobre a naturalidade do racismo que expõe os corpos até que fiquem nus.
Pela primeira vez na Companhia Encruzilhadas, o elenco foi formado através de uma audição, onde sete atores apresentam três histórias diferentes que acontecem simultaneamente, mas que tem como ponto em comum o constrangimento.
“É evidente o constrangimento do ser humano em ficar nu diante da sociedade. A questão com o corpo é um tabu que inibe e, muitas vezes, humilha. Esta sensação é comum ao povo preto, mesmo que as roupas não sejam tiradas. É muito constrangedora a sensação de ser observado em tempo integral”, explica um dos autores do texto, Leno Sacramento.
“No espetáculo, temos três estórias que se entrelaçam, em que os personagens são levados a ficar nus diante de uma situação. O constrangimento é uma poderosa imagem capaz de trazer empatia, mesmo por aqueles que não passam por situações como esta”, complementa o diretor que é vencedor do Prêmio Braskem de Teatro como Melhor Diretor de 2023 pelo espetáculo “A Resistência Cabocla” do Bando de Teatro Olodum.
Ainda segundo ele, o espetáculo é destinado a todos os públicos, pois se trata de um assunto ignorado por muitos, mas que se faz presente em nosso cotidiano.
Os ingressos podem ser adquiridos aqui, por R$ 30 a inteira e R$ 15 a meia.
Projeto Mais Mafro
Criado em 1974, o MAFRO é aberto ao público em 1982, e funciona desde então no local onde foi criada a primeira Escola de Medicina do Brasil. O Projeto Mais Mafro, que será inaugurado com o espetáculo (NU) Madrugada me Projeta, tem por objetivo ampliar diálogos com novos públicos e produtores culturais, através da introdução de linguagens artísticas diversas, em espetáculos, mostras e ações, em parcerias com agentes da cena preta de Salvador.
Cia Encruzilhadas
A Companhia de Teatro Encruzilhadas vem desde 2017 alimentando o teatro preto, baiano e nacional, com ações que envolvem a apresentação de espetáculos, oficina de teatro, lançamento de livro, estímulo a leitura, e debates sobre as perspectivas do povo preto e suas questões ligadas a sociedade. No repertório do grupo, ao longo desses sete anos, foram construídos quatro espetáculos de repertório (En(Cruz)Ilhada, Nas Encruza, Escarro Início e D.R), um livro (Para Desgraça – Uma quarta para não esquecer), em parceria com a editora Selin Trovoar, e inúmeros debates. É uma equipe formada por sete pessoas que se revezam na construção dos projetos que já ocuparam o Teatro Vila Velha, o Galpão Wilson Melo, o Teatro Gregório de Matos e a Caixa Cultural.