Por Késsia Carolaine*
Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), na Suíça, criaram o MenstruAI, um dispositivo que analisa o sangue menstrual para detectar biomarcadores associados a doenças. A inovação busca facilitar o diagnóstico precoce e promover a saúde das mulheres. A menstruação contém centenas de proteínas e pode conter informações sobre diversas doenças, incluindo tumores como câncer de ovário ou endometriose.
Neste projeto, foram utilizados três biomarcadores para iniciar a pesquisa. Primeiro foi usada a proteína C-reativa (PCR) um marcador geral de inflamação; em seguida um antígeno carcinoembrionário (CEA) que aparece em níveis elevados em qualquer tipo de câncer e, por último, CA-125, uma proteína que, em níveis elevados pode indicar endometriose e câncer de ovário. Outros biomarcadores que têm a proteína como base, ainda estão sendo investigados para serem incluídos no estudo.
O MenstruAI utiliza um sensor não eletrônico acoplado a um absorvente higiênico comum. Para fazer o exame, a pessoa só precisa usar o absorvente, tirar uma foto do sangue menstrual com o celular e enviá-la para análise em um aplicativo específico. O dispositivo possui uma tira de teste rápido em papel, com uma câmara pequena e flexível de silicone, onde o sangue será analisado.
Quando o biomarcador presente no sangue menstrual reage com os anticorpos específicos da tira de teste, surge uma marcação colorida. A intensidade da cor varia de acordo com a concentração da proteína analisada: quanto maior o nível da substância, mais escura será a cor exibida. “No aplicativo desenvolvido, a intensidade da cor é avaliada. O aplicativo identifica até as menores alterações nos níveis de proteínas, convertendo a análise em medições precisas e padronizadas”, destacou Lucas Dosnon, doutorando da Universidade de Zurique.
Com base nos testes iniciais, os cientistas suíços iniciarão um estudo com mais de 100 mulheres para validar o dispositivo em condições reais. O desafio inclui analisar as variações naturais do sangue menstrual (que difere por ciclo e indivíduo), essencial para calibrar o sistema. A tecnologia não substitui exames médicos, mas funciona como um “alerta preventivo” para anomalias que merecem investigação profissional.
*Com informações do Época Negócios