Festival Cinema Negro em Ação comemora cinco anos com lançamento de laboratório voltado a cineastas negros

Consultoria para cineastas, homenagens e mostras de filmes integram programação do evento, que ocorre de 17 a 20 de outubro em Porto Alegre (RS)

Texto: Divulgação

O Festival Cinema Negro em Ação, que acontece em Porto Alegre (RS), de 17 a 20 de outubro, na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), está comemorando cinco anos em 2024. Realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), o evento traz novidades neste ano. Entre outras atrações, haverá um laboratório de consultoria para cineastas negros e homenagens a personalidades importantes do cinema nacional, além das Mostras Especial e Competitiva.

Sopapo LAB

No evento será lançado o Sopapo LAB, um laboratório voltado a desenvolver projetos de cineastas negros. A consultoria será ministrada pelo showrunner e roteirista Marton Olympio, que foi indicado ao Emmy Awards 2024 – considerado o Oscar da televisão –  e que traz no currículo filmes e séries em parceria com players como Paramount e Globoplay. O laboratório terá continuidade nas próximas edições do Festival.

O nome da iniciativa foi escolhido pelo fato de que o sopapo – tambor de grandes dimensões, feito originalmente com tronco de árvore e couro e originalmente ligado às charqueadas – é um instrumento da cultura negra exclusivo do Rio Grande do Sul, representando conceitos aos quais o evento busca se associar, como cultura e negritude sul-rio-grandense, reinvenção, memória e multiplicidade de linguagens.

Marton Olympio também fará uma masterclass para o público em geral, na qual falará sobre a sua experiência na criação da série “Anderson Spider Silva” e de outras obras suas. Será no dia 18 de outubro, às 17h30, na Cinemateca Paulo Amorim, com entrada gratuita.

Homenagem e mostras de filmes

Desde a primeira edição, o Festival entrega premiações a cineastas da Mostra Competitiva e ao homenageado do ano. Neste ano, o prêmio passa a se chamar Odilon Lopez. A agraciada com a estatueta, criada pelo artista visual Augusto Alves Vargas, será a roteirista e diretora Renata Martins, premiada em âmbito nacional e internacional. Ela tem trajetória no cinema independente e produziu conteúdos para televisão, trabalhando atualmente como roteirista na Rede Globo e construindo narrativas que se destacam pelo tom crítico e sensibilidade, como a série Histórias Impossíveis.

A trajetória de Renata também será celebrada com uma sessão de leitura dramática de trechos do roteiro de um dos seus trabalhos, o filme “Levante”, que acompanha uma jovem atleta negra de 17 anos que, às vésperas de um campeonato decisivo para sua carreira como esportista, descobre estar grávida, e decide interromper a gravidez enquanto é perseguida por um grupo fundamentalista. O longa aborda o direito da mulher sobre o próprio corpo, e foi selecionado para o Festival do Rio de 2023. Os trechos serão interpretados por dois grupos de teatro negro do Rio Grande do Sul, Pretagô e Espiralar Encruza, contando com direção de Gaby Farias. 

Para a curadora-geral do Festival, Kaya Rodrigues, homenagear a cineasta Renata Martins neste ano é simbólico. 

“Nosso Festival amadurece a cada ano, e nada melhor do que evidenciar a trajetória de uma mulher negra que desbravou muitos espaços, buscando mudar as narrativas negras que são contadas. Renata é um exemplo de trajetória inspiradora, e trazê-la para o Rio Grande do Sul é importante para nós, que queremos que cineastas negros acreditem que é possível ser artista, e contar novas histórias”. 

Na abertura do evento, haverá ainda uma homenagem ao ator Sirmar Antunes (falecido em 2022), o primeiro homenageado do festival, a ser detalhada posteriormente.

A Mostra Competitiva contará com quatro categorias de audiovisual – videoclipes, videoarte, curtas-metragens e longas-metragens – e será exibida na Cinemateca Paulo Amorim, nos canais TVE-RS e Prime Box Brasil e na plataforma Todes Play. O processo de seleção teve como pré-requisito que as produções fossem realizadas por pessoas negras ou contassem com protagonismo negro em sua criação. Já a Mostra Especial será composta por produções selecionadas pela curadoria do evento. Na abertura do Festival haverá show do rapper Zudizilla. 

“Esta edição será uma oportunidade de, nesse contexto de reconstrução, assumirmos juntos o compromisso de reinventarmos um futuro que reflita, nas criações audiovisuais do Estado, a riqueza da pluralidade do povo gaúcho”, destacou a diretora do Iecine, Sofia Ferreira. O Festival Cinema Negro em Ação é promovido pelo Iecine em parceria com a CCMQ, ambas instituições da Sedac.

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