Formação gratuita discute ensino de artes a partir de saberes afrodiaspóricos, em Salvador (BA)

AKOBRN seleciona 30 pessoas para curso com 40 horas de duração e foco em práticas pedagógicas decoloniais
Romário Oliveira / Imagem: Daniel Pita

Texto: Divulgação

Estão abertas até 22 de julho as inscrições para o curso “AKOBEN preenchendo currículos – O ensino de artes visuais e as culturas negadas”. A iniciativa compõe a primeira etapa do projeto AKOBEN – Um chamado para a arte-educação, que oferece formação gratuita para professores da rede pública, estudantes de licenciatura, arte-educadores e pessoas interessadas em práticas educativas a partir de epistemologias contra-hegemônicas.

As aulas serão realizadas quinzenalmente aos sábados, de 02 de agosto a 28 de março de 2026, na Casa da Música, localizada no Alto do Abaeté, S/N – Itapuã, Salvador (BA), com carga horária total de 40 horas.

A formação dispõe de cinco módulos, com abordagens sobre ensino de artes em perspectiva decolonial, Movimento Negro Educador, interseções entre feminismos e arte contemporânea, acessibilidade, sustentabilidade e diversidade sexual e de gênero. O projeto selecionará 30 participantes, com prioridade para pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e mulheres. As inscrições devem ser realizadas através do formulário disponível online ou no perfil do projeto no Instagram.

Idealizado pelo artista-educador e pesquisador Romário Oliveira, o projeto parte de experiências vividas nas escolas públicas da capital baiana, onde identificou a ausência de formação continuada e materiais didáticos que garantam a implementação das leis que tratam do ensino da história e cultura afro-brasileira, indígena e da educação antirracista, como as nº 10.639, nº 11.645 e nº 14.986. 

“A escassez de formações continuadas e de recursos didáticos apropriados para essas abordagens motivou a criação do AKOBEN como resposta pedagógica concreta a essas ausências estruturais”, afirma o educador.

O curso propõe desenvolver a alfabetização visual com base em culturas historicamente excluídas dos currículos escolares, adotando a simbologia adinkra “akoben” como guia metodológica. Utilizado como corneta de guerra pelos povos Akan, da atual Gana, o termo inspira a concepção do projeto como um chamado à resistência e à reconstrução. “No projeto, utilizamos a potência ancestral de Akoben, um chamado à luta e à resistência, especialmente contra o epistemicídio secular que marginaliza os saberes e fazeres dos povos da diáspora nos campos da arte e da educação”, destaca Romário.

A segunda etapa do projeto está prevista para abril de 2026, com o “Workshop AKOBEN – Recursos didáticos negrorreferenciados para ensino e aprendizagem em artes visuais.” A atividade terá três encontros com foco em gamificação como método estético-educativo, explorando jogos como ferramentas para estimular a aprendizagem no ensino fundamental. As atividades incluem carimbos com símbolos adinkra, pintura postal inspirada em Rubem Valentim e uma versão da Batalha Naval com referências afro-brasileiras.

A proposta se desdobra em uma plataforma de formação contínua, conectando práticas pedagógicas, materiais didáticos e tecnologias educacionais em torno de uma perspectiva afrofuturista. Com apoio da Política Nacional Aldir Blanc, o projeto busca fortalecer a implementação de políticas públicas de cultura e educação, ampliando o acesso aos conteúdos afrorreferenciados em espaços escolares e não escolares.

Compartilhar:

plugins premium WordPress