Por Catiane Pereira*
A Justiça do Ceará concedeu medida protetiva à assistente social Francisca Karollainy Barbosa Cavalcante, que denunciou o jogador de futebol David Luiz por ameaça e violência psicológica. A decisão foi publicada na quarta-feira (27), menos de 24 horas após o pedido ser formalizado pela defesa da vítima.
Karollainy relatou que manteve um relacionamento extraconjugal com o zagueiro e passou a ser ameaçada por ele após recusar uma proposta para manter relações sexuais envolvendo também uma amiga. As mensagens teriam sido enviadas pelo Instagram e foram anexadas ao processo.
No boletim de ocorrência, a assistente social afirmou ter recebido mensagens com teor intimidador. Em uma delas, o jogador teria escrito: “Você sabe que tenho dinheiro e poder, então, não banque a esperta. Seria triste seu filho ter que pagar as consequências dos seus atos. Eu posso simplesmente fazer você sumir”. Karollainy declarou ainda que temeu pela própria vida e pela segurança do filho, comparando a situação ao caso de Eliza Samudio, assassinada em 2010 pelo ex-goleiro Bruno Fernandes.
O advogado da vítima, Fabiano Távora, disse que a medida foi concedida rapidamente pela gravidade das ameaças. Ele também informou que a cliente chegou a ser hospedada em hotéis de Fortaleza a convite do jogador e que, após a denúncia, passou a ser seguida por desconhecidos, precisando trocar de hospedagem várias vezes antes de retornar à cidade onde vive com o filho.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará disse que a denúncia foi registrada na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza e que a Polícia Civil investiga o caso. A assessoria de David Luiz afirmou que “todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas” e que o jogador “confia que os fatos serão apurados e esclarecidos pelas autoridades competentes”. O atleta, de 38 anos, rescindiu contrato com o Fortaleza em agosto e atualmente defende o Pafos, do Chipre.
Outros casos envolvendo jogadores acusados de violência contra a mulher
O caso de David Luiz não é isolado. Nos últimos anos, diversos jogadores de futebol foram denunciados por violência contra mulheres, incluindo ameaças, estupro e até feminicídio.
Em 2013, o ex-goleiro Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação do corpo de Eliza Samudio (citada por Francisca), sua ex-namorada e mãe de seu filho. O crime teve ampla repercussão nacional e internacional, mas não impediu que Bruno voltasse a ser contratado por clubes após cumprir parte da pena. Atualmente, ele está em liberdade condicional, concedida em janeiro de 2023.
O ex-jogador Robinho cumpre pena de nove anos de prisão em regime fechado no Brasil, após condenação definitiva na Itália por estupro coletivo de uma jovem albanesa em 2013, quando atuava pelo Milan. Como o Brasil não extradita cidadãos brasileiros, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que a pena deveria ser cumprida no país. Robinho está preso na penitenciária de Tremembé (SP) desde março de 2024.
Além desses, o ex-lateral Daniel Alves também foi condenado, em fevereiro de 2024, pela Justiça da Espanha a quatro anos e meio de prisão por estuprar uma jovem de 23 anos em uma boate de Barcelona, no fim de 2022. O caso ganhou repercussão internacional após o jogador apresentar versões contraditórias durante a investigação. Em março deste ano, o jogador foi absolvido da acusação de estupro pela justiça da Espanha.
*Com informações de G1 e UOL