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Mãe Carmen, referência do Candomblé no Brasil, morre em Salvador (BA)

Filha de Mãe Menininha, ialorixá conduziu o Terreiro do Gantois por 23 anos e deixa legado de fé e resistência
Imagem: Reprodução Rede Social (@terreirodogantois)

Por Luana Miranda

Mãe Carmen de Òsàgyían, ialorixá do Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase, conhecido como Terreiro do Gantois, morreu na madrugada desta sexta-feira (26), em Salvador (BA). Filha mais nova de Mãe Menininha, a matriarca de 98 anos faleceu após duas semanas internada no Hospital Português por consequência de uma forte gripe, segundo informações divulgadas pela imprensa.

Nascida em 1926, a líder religiosa completaria 99 anos na próxima segunda-feira (29). Mãe Carmen esteve à frente de uma das casas de Candomblé mais antigas e importantes do Brasil por 23 anos, dando continuidade a uma longa tradição de religiosidade e resistência. O sepultamento será realizado neste sábado (27), no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana. 

Iniciada na religião aos 7 anos, Carmen Oliveira da Silva assumiu a mais alta posição de liderança do terreiro em 2002. Desde então, a ialorixá promoveu diversas ações sociais nas comunidades locais, chegando a receber a Comenda Maria Quitéria, na Câmara de Vereadores de Salvador. A honraria é concedida a mulheres que se destacam com atividade em prol do estado da Bahia. 

A passagem de mãe Carmen foi oficializada pelo Terreiro do Gantois em uma sexta-feira, dia em que se celebra Oxalá. Em nota divulgada no perfil do Instagram, a Casa destaca: “Hoje, nos despedimos de sua presença física, mas afirmamos com convicção: seu axé permanece. Seus ensinamentos seguem vivos, sua missão continua inscrita na história e sua memória permanece como fonte de força, amor e sabedoria para as gerações que virão.”

Terreiro do Gantois

Fundado em 1849 pela africana nigeriana Maria Júlia da Conceição Nazareth, a Casa de Candomblé recebe o  nome de Gantois devido ao antigo proprietário do terreno, o traficante de escravos belga Édouard Gantois, que arrendou a terra para a fundadora do candomblé. O terreiro é localizado em uma área alta, de difícil acesso, característica que protegia o espaço da perseguição policial existente na época.

O Terreiro do Gantois segue os critérios de hereditariedade, tendo uma linhagem de matriarcas que descendem da sua fundadora. Uma das mais famosas sacerdotisas a comandar a casa foi Maria Escolástica da Conceição Nazareth, conhecida como Mãe Menininha, liderando  de 1922 a 1986. A matriarca conseguiu a admiração de diversos governantes, intelectuais e artistas, sendo uma ativista importante na garantia e manutenção dos direitos dos povos de terreiros.

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