Mais de 430 mortos e 5.500 pessoas desaparecidas após enchentes no Congo

Cerca de 19.179 famílias ainda estão em zonas de risco muito alto e precisam ser realojadas.

Por Daiane Oliveira

Imagem: Germain Nsanzima

Chuvas intensas atingem a região de fronteira da República Democrática do Congo com Ruanda causando inundações e deslizamentos de terra no leste do país.  De acordo com um balanço divulgado no último dia 08 de maio, o número de mortos já chega a 400 e de pessoas desaparecidas 5.500. As aldeias de Bushushu e Nyamukubi, ambas na província de Kivu do Sul, foram algumas das mais afetadas, sendo que como o desastre aconteceu em uma quinta-feira, dia de feira na região, a população que estava em Bushushu era duas vezes maior do que o habitual.

A situação em vários locais do território de Kalehe, na margem ocidental do Lago Kivu, é considerada catastrófica. De acordo com o secretário do Ministério Encarregado da Gestão de Emergências (MINEMA), Philippe Habinshuti, mais de 19 mil famílias ainda vivem em áreas propensas a desastres em diferentes pontos do país e devem ser realocadas com urgência. No Congo há povoados inteiros submersos, casas destruídas e campos devastados.

A catástrofe aconteceu na região de fronteira após dois dias depois das inundações deixarem pelo menos 131 mortos e destruir milhares de casas em Ruanda.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em visita ao Burundi que as tragédias são uma nova “mostra da aceleração da mudança climática e suas consequências dramáticas para países que não são responsáveis pelo aquecimento do planeta”.

As tragédias ambientais no continente africano

Abril de 2022: Fortes chuvas e inundações atingiram a costa leste da África do Sul resultando em mais de 400 mortes, 85 mil pessoas diretamente afetadas e milhões de pessoas atingidas pela falta de energia, água, estradas destruídas, dentre outros efeitos provocados pela tragédia ambiental.

No sudeste da África, o aquecimento de 2ºC é projetado e deve trazer um aumento na frequência e intensidade de chuvas fortes e inundações, além do aumento de ciclones tropicais. Para os especialistas, é necessário que o mundo tente reduzir o aquecimento global a 1,5ºC acima das temperaturas antes da industrialização para evitar alguns impactos irreversíveis das mudanças climáticas.

Fevereiro de 2023: As tempestades voltaram a ameaçar sete das nove províncias da África do Sul, principalmente na costa leste, que está aberta ao Oceano Índico e que faz fronteira, a norte, com Moçambique, que também vem enfrentando problemas devido às fortes chuvas. O governo sul-africano decretou Estado de Catástrofe Nacional.

Quase um ano após a tragédia de 2022, o país voltou a ter inúmeras pontes destruídas, escolas operando em estado deplorável e assentamentos populacionais de pessoas pobres com muitas casas desabadas. Ainda houve inundação parcial da mina de carvão de New Vaal, que abastece a central de Lethabo, que teve de parar o funcionamento de duas das suas unidades, em momentos de crise elétrica, com apagões e desabastecimento elétrico.

Março de 2023: Fortes chuvas e enchentes em Moçambique, que desde outubro atingiram o país, deixaram 117 mortos e mais de 273.000 pessoas afetadas.

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