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Marcha das Mulheres Negras lança Manifesto Econômico por justiça tributária e reparação histórica

Elaborado em parceria com o Instituto NoFront e mais de 300 mulheres de todo o Brasil, o documento aponta caminhos para a justiça econômica, a reparação histórica e o direito ao Bem Viver da mulher negra
Imagem: @fotografa_monica

Texto: Divulgação

A Marcha das Mulheres Negras, em parceria com o Instituto NoFront, organização de mulheres negras que enfrenta o racismo econômico e promove justiça financeira, lançou na última quinta-feira (02), na sede da Ação Educativa (SP), o Manifesto Econômico da Marcha por Reparação e Bem Viver. O evento contou com uma mesa composta por Ju Gonçalves, co-cordenadora de Comunicação da marcha, a economista Gaby Chaves e Bia Mendes, responsável pela sistematização do documento. 

Diante de um público de mais de 60 pessoas, elas discutiram a dívida histórica do Estado, empresas e instituições com a população negra, a necessidade de políticas públicas reparatórias e apresentaram os sete eixos que estruturam o manifesto.

O documento reúne propostas elaboradas coletivamente por mais de 300 mulheres de todas as regiões do Brasil e aponta caminhos para justiça econômica, reparação histórica e o direito ao Bem Viver da mulher negra. Nesse sentido, o Bem Viver significa colocar a vida acima do lucro, redistribuir riqueza, valorizar o cuidado como trabalho essencial, reconhecer a natureza como sujeito de direitos e substituir o individualismo por práticas comunitárias e solidárias.

Sete eixos

Estruturado em sete eixos, o manifesto propõe medidas como a criação de um fundo nacional de reparação econômica, a garantia de equidade salarial de raça e gênero e o acesso facilitado ao crédito, entre outras coisas. Para as organizadoras, reparação institucional é enfrentar a pilhagem econômica que sustentou a escravidão e o racismo no Brasil, taxar privilégios, responsabilizar instituições e assegurar que os recursos cheguem às mãos das mulheres negras.

Para a economista e fundadora do Instituto NoFront, Gabriela Chaves, o Manifesto “é uma ferramenta de luta que demonstra insubmissão diante de um sistema que se sustenta sobre o trabalho, os corpos e os territórios das mulheres negras”. 

A iniciativa reforça o protagonismo do movimento de mulheres negras, que vem pautando a necessidade de uma reforma tributária justa, capaz de frear a sobrecarga de impostos sobre as famílias mais pobres, especialmente aquelas chefiadas por essas mulheres.

“Nós, mulheres negras, estamos nos maiores índices de vulnerabilidade econômica e social do Brasil. Quase 80% das mulheres do país estão endividadas e cerca de 30% têm dívidas em atraso, muitas vezes contraídas para pagar comida e sobrevivência cotidiana. Esse endividamento, que cresceu desde a pandemia, só se multiplica no contexto de juros altos e perda de renda. Entre nós, mulheres negras, a precariedade é ainda mais dura: 63% dos lares chefiados por mulheres negras vivem abaixo da linha da pobreza; quase metade de nós está na informalidade, sem direitos trabalhistas ou seguridade social: e 21% das mulheres negras ocupadas sequer conseguem contribuir para a previdência. Somos também a maioria entre as trabalhadoras domésticas e outras ocupações de baixos salários (IBGE, 2022)”, diz trecho do manifesto. 

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que será realizada no dia 25 de novembro, em Brasília (DF), vem se estruturando em comitês temáticos para aprofundar debates estratégicos de transformação social. O lançamento do Manifesto Econômico é mais um passo nessa trajetória: refundar a economia a partir do Bem Viver e afirmar, no sentido mais radical, o compromisso com a reparação histórica.

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