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Menino de 9 anos é baleado durante ação policial no Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA)

Somente em 2025, cinco crianças foram baleadas em Salvador e Região Metropolitana (RMS)
Imagem: Sesab

Por Matheus Souza

Um menino de 9 anos foi baleado durante uma ação policial realizada na tarde da última quarta-feira (8), no Nordeste de Amaralina, comunidade periférica com ampla maioria de população negra em Salvador (BA). O garoto caminhava com o pai em direção à escola, onde participaria de uma atividade em comemoração ao Dia das Crianças, quando o barulho de tiros nas proximidades começou. Ao tentar se proteger, o pai percebeu que o filho havia sido atingido.

Uma guarnição da Polícia Militar atendeu ao pedido do pai e levou o menino para o Hospital Geral do Estado (HGE). A criança foi ferida por três disparos que atingiram as nádegas e uma das mãos. Ele foi internado e permanece em estado estável. Outros dois homens, apontados pela PM como suspeitos, também deram entrada no HGE. As identidades e o estado de saúde não foram informados.

Por conta da violência, moradores da região protestaram na entrada do bairro. Eles incendiaram objetos na pista e dois ônibus foram atravessados em frente ao Parque da Cidade Juventino Silva, na Avenida Juracy Magalhães Júnior. Não há registro de feridos e o policiamento foi reforçado na região.

Em nota à imprensa, a Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que a circulação de ônibus foi suspensa no bairro do Vale das Pedrinhas, comunidade vizinha ao Nordeste de Amaralina, devido ao ocorrido. O final de linha foi transferido temporariamente para a Rua do Canal. Enquanto isso, equipes da pasta e das concessionárias acompanharão a situação para que o atendimento de transporte seja retomado assim que possível.

A Polícia Militar afirma que agentes de guarnições do 30º Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram acionados para averiguar a presença de cerca de 15 indivíduos armados no bairro do Nordeste de Amaralina, quando teriam sido recebidos a tiros e reagiram aos disparos. Após o confronto, teriam sido informados sobre uma pessoa alvejada nas nádegas, sem informações sobre a origem do disparo. Em nota, a Polícia Civil (PC) informou que a 28ª Delegacia Territorial (DT/Nordeste de Amaralina) apura as circunstâncias da situação.

Crianças baleadas

Ao atirar em uma área densamente habitada, a polícia assume o risco de atingir moradores, civis e transeuntes. O que não é raro em operações do tipo, frequentemente marcadas por feridos e mortes, e tendo em vista, por exemplo, que este é o 5ª caso envolvendo uma criança baleada em Salvador e Região Metropolitana (RMS) somente em 2025, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 

Uma dessas vítimas foi a óbito. Em janeiro, Lara Lis Santos Rangel, de 6 anos, foi atingida no rosto por disparos de arma de fogo enquanto dormia na casa dos pais, no bairro Alto da Terezinha, Subúrbio de Salvador. Segundo a Polícia Civil, a criança não resistiu à gravidade do ferimento e morreu, no Hospital do Subúrbio, onde estava internada.

Em maio, uma criança de seis anos ficou ferida após ser atingida por disparos durante um tiroteio na Baixa de Quintas, em Salvador. Ela foi levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas seu estado de saúde não foi divulgado.

Em agosto, outra criança, de 10 anos, foi baleada no pé enquanto participava de um festival de pipas no bairro de Paripe, em Salvador. De acordo com a Polícia Militar, agentes da 19ª CIPM foram acionados para averiguar uma denúncia de disparo de arma de fogo nas imediações da Rua Almirante Mourão de Sá, em Paripe.

Em quase três anos, Salvador e Região Metropolitana registraram 5 mil tiroteios e 401 mortes. Ao todo, segundo números do Instituto Fogo Cruzado, os confrontos armados na capital e RMS resultaram em 4.837 pessoas baleadas, 3.839 mortas e 998 feridas. A média mensal é de 138 vítimas por disparo de arma de fogo. Quadro de violência que tem atingido as crianças de forma tão alarmante que, em 2024, o Odara – Instituto da Mulher Negra publicou o Dossiê “Quem vai contar os corpos?”, com dados especificamente sobre as crianças negras vítimas da letalidade policial na Bahia.

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