Ministro Mário Frias faz comentário racista sobre o ativista negro Jones Manoel

Na última quinta-feira (15), repercutiu o comentário racista de Mário Frias, secretário Especial de Cultura do governo federal, feito no Twitter a respeito do historiador e ativista negro Jones Manoel.

‘Precisa de um bom banho’, comentou Frias em resposta a um post com a foto do ativista negro

Por Andressa Franco

Na última quinta-feira (15), repercutiu o comentário racista de Mário Frias, secretário Especial de Cultura do governo federal, feito no Twitter a respeito do historiador e ativista negro Jones Manoel.

O comentário de Frias foi uma resposta a um post do assessor da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, que compartilhou uma matéria do site Brasil 247 com uma foto de Manoel e a frase: “Jones Manoel diz que já comprou fogos para eventual morte de Bolsonaro”. Tomaz comentou “quem caralhas era Jones Manoel?”, ao que Frias respondeu com “Realmente não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho”.

O tuíte foi apagado pelo Twitter, que confirmou à Folha de S. Paulo que o post foi entendido como conduta de propagação de ódio, e apagado por violar regras de conduta da rede social.

Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Jones Manoel é pernambucano, estudioso da obra do intelectual italiano Domenico Losurdo, e tem um canal no YouTube com mais de 160 mil inscritos, onde fala de temas como democracia, política, marxismo, e relacionados. 

“Olha o ex-ator frustrado e atual fascista cometendo um crime de racismo diário”, reagiu Manoel, que usa cabelo black power e barba. “O Governo liberal-fascista de Bolsonaro é racista. Na campanha de 2018, sobraram falas racistas. Não existe fascismo sem racismo. São duas faces da mesma moeda. O antifascismo consequente precisa ser radicalmente antirracista”, acrescentou em outro tuíte.

Jones Manoel explicou, em entrevista ao G1, que sua declaração em relação aos fogos era uma brincadeira. “Eu fiz uma brincadeira. Disse que comprei fogos de artifício, mas depois afirmei que era contra esses fogos, por causa dos problemas causados aos animais”.

Depois da repercussão negativa, o secretário tentou justificar o comentário também através das redes sociais, associando sujeira com a militância comunista de Manoel e não com seu cabelo black power, apesar de ter dito que não conhecia o ativista em sua resposta ao comentário de Tomaz.

“Não venham tentar ofuscar a gravidade dos ataques ao PR [presidente da República] chamando de racista quem sempre repudiou o racismo. Toda pessoa suja precisa tomar banho e não existe pessoa mais suja do que aquela que deseja e celebra a morte de um chefe de estado democraticamente eleito, enquanto louva um genocida como Stalin [líder da antiga União Soviética]”, escreveu.

Figuras públicas e políticas como a deputada federal Benedita da Silva (PT), o youtuber Felipe Neto, a vereadora Erika Hilton (PSOL), o ator Bruno Gagliasso, o humorista Gregório Duvivier, e a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL), prestaram solidariedade a Manoel pelas redes sociais.

Não é a primeira vez que quem ocupa a cadeira da Secretaria Especial de Cultura no governo Bolsonaro se envolve em polêmicas. Roberto Alvim, antecessor de Frias no cargo, foi exonerado do cargo no início de 2020 depois de fazer um discurso, em janeiro do mesmo ano, muito semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, antissemita radical e um dos idealizadores do nazismo.

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