Texto: Divulgação
O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) lançou um chamamento público voltado a artistas negros de todo o país e da diáspora africana. A iniciativa gratuita pretende criar um canal contínuo de diálogo entre curadoria e artistas das artes visuais, possibilitando a integração em mostras e colaborações futuras. A proposta é fortalecer a presença de criadores negros, historicamente afastados dos espaços institucionais de arte. É possível inscrever-se através do formulário virtual.
Com inscrições abertas de forma permanente, o processo dispensa experiência prévia e aceita portfólios de artistas em diferentes estágios da carreira, sejam iniciantes ou já consolidados. As inscrições devem incluir uma mini biografia, portfólio em formato PDF com link de acesso, redes sociais, endereço do ateliê e uma breve descrição da proposta artística. Segundo a gestora cultural e diretora do MUNCAB, Cintia Maria, a ideia é romper com o modelo tradicional de editais excludentes. “O que estamos propondo é uma curadoria mais democrática e transparente, que reconheça a diversidade e a potência da produção artística negra contemporânea”, afirma.
Diferente das chamadas convencionais, o MUNCAB não estabelece prazos nem seleção imediata. O museu está construindo um banco de dados que servirá de base para futuras exposições, pesquisas e parcerias institucionais. Quando houver compatibilidade entre as produções enviadas e as propostas curatoriais em andamento, a equipe do MUNCAB entrará em contato com o artista ou galeria. O modelo permanente de escuta e acolhimento amplia as possibilidades de visibilidade para artistas negros e reforça o papel do museu como referência na construção de uma curadoria decolonial.
Localizado em Salvador (BA), cidade com a maior população negra fora da África, o MUNCAB tem se consolidado como espaço de valorização da arte afro-brasileira e afrodiaspórica. A atual exposição, Ancestral: Afro-Américas, apresenta mais de 130 obras de artistas do Brasil e dos Estados Unidos, reafirmando o compromisso do museu com a circulação de narrativas negras. Para a diretora artística Jamile Coelho, a iniciativa também tem caráter reparador: “Queremos ir além dos artistas conhecidos e ampliar nosso olhar para novas linguagens e narrativas da arte negra.”
O museu mantém entrada gratuita às quartas e domingos, viabilizada por patrocínio da Petrobras, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com realização do Ministério da Cultura.