Texto: Divulgação
Com voz grave e presença marcante, Jovelina Pérola Negra transformou o samba de partido-alto e o pagode carioca. Cantora e compositora, ela abriu caminho para mulheres negras em um espaço historicamente dominado por homens, tornando-se referência para novas gerações. Sua trajetória inspira o musical “A Pérola Negra do Samba”, com texto de Leonardo Bruno e direção de Luiz Antonio Pilar, que estreia em 20 de setembro no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, e segue em cartaz até 9 de novembro.
No palco, Afro Flor assume o papel de Jovelina, ao lado de Thalita Floriano, Fernanda Sabot e Thiago Thomé. O espetáculo traz personagens da vida da artista e nomes como Clementina de Jesus, que foi sua grande inspiração. A dramaturgia é conduzida pela personagem Dona Cebola, saída da canção “Feirinha da Pavuna”, que também inspira cenário e figurino. Mais de 20 músicas compõem a montagem, entre sucessos e canções pouco conhecidas.
A carreira de Jovelina começou mais tarde. Aos 41 anos, participou do disco “Raça Brasileira”, lançado em 1985, ao lado de artistas como Zeca Pagodinho. Mesmo com pouco tempo de carreira, construiu uma obra que segue presente nos pagodes, reafirmando sua importância cultural. “Jovelina construiu sua carreira cantando músicas que falavam do dia a dia do subúrbio: o trem lotado, a confusão na esquina, o malandro Zona Norte, a patricinha Zona Sul, a negritude orgulhosa, a fé numa força maior”, explica Leonardo Bruno.
O musical tem o intuito de reforçar a memória de uma artista que precisou enfrentar o racismo e o machismo para ser reconhecida. No universo do samba, onde o improviso e o partido-alto eram associados ao masculino, Jovelina se impôs como voz feminina e periférica. Segundo Bruno, “ela se diferencia dos demais nomes femininos do universo do samba por ser uma cantora de partido alto, do improviso, da malandragem, características normalmente associadas ao masculino”.