Texto: Divulgação
Na última terça-feira (15) foi lançado o episódio final do podcast “Os 12 do Cabula”, série documental que reconstrói os desdobramentos da operação policial que matou 12 jovens negros na madrugada de 6 de fevereiro de 2015, na Vila Moisés, bairro do Cabula, em Salvador (BA). Dez anos depois, o caso ainda não teve julgamento. A próxima audiência de instrução está prevista para esta quarta-feira, 16 de julho, segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Ao longo dos cinco episódios, a produção analisou documentos oficiais, laudos periciais e realizou entrevistas com pesquisadores e ativistas para investigar o caso, averiguando como o Estado contribui para a violência sistêmica e o silêncio institucional que envolve crimes cometidos por agentes públicos. A série é idealizada e narrada pelo roteirista Leo Marques, com apoio de divulgação da Ponte Jornalismo e da ONG Iniciativa Negra.
O podcast acompanha também o percurso jurídico do caso: da denúncia do Ministério Público até a anulação da sentença que absolveu sumariamente os policiais, passando pela tentativa frustrada de federalização. A nova audiência marcada para julho deste ano é parte da fase de instrução criminal, que ainda segue em andamento, com a oitiva de testemunhas de defesa e posterior interrogatório dos réus.
“O que essa série tenta mostrar é que o caso Cabula não é exceção. É resultado de um sistema de segurança que mata muito e julga pouco. O podcast tenta escutar os gritos abafados por uma década de impunidade”, explica Leo Marques.
Entre os convidados estão: a advogada criminalista Amanda Quaresma, autora do livro “Os corpos gritam para ninguém”; o historiador Dudu Ribeiro (Iniciativa Negra); o jornalista Genildo Lawinscky; o ativista e morador do Cabula Magno Ferreira e a cofundadora da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho.
O episódio final, intitulado “A cada 12 minutos”, amplia o foco da chacina do Cabula para o cenário nacional. Entre 2012 e 2022, uma pessoa negra foi assassinada a cada 12 minutos no Brasil — um total de 445.442 pessoas negras mortas, segundo o Atlas da Violência 2024, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa mais de três vezes os assassinatos entre pessoas não negras no mesmo período.
Todos os episódios estão disponíveis gratuitamente nas plataformas: Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Amazon Music.