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“Todos nós de religiões de matriz africana fomos atacados”, afirma ativista que sofreu racismo religioso em aeroporto de Fortaleza (CE)

A religiosa retornava de uma roda de conversa sobre religiões de matriz africana,  quando foi vítima de uma série de abordagens com cunho de racismo religioso
Imagem: Fafa M. Araujo

Por Patrícia Rosa

A Egbon e ativista Lindinalva Barbosa registrou uma queixa de racismo religioso na Delegacia Virtual do Ceará. O incidente ocorreu na madrugada da última segunda-feira (9), no aeroporto de Fortaleza (CE), quando a religiosa retornava da roda de conversa “Resistência de Terreiro: Nossos Passos Vêm de Longe”. Lindinalva relatou ter sido vítima de diversas abordagens com caráter discriminatório.

Lindinalva Barbosa relatou que a primeira situação ocorreu ao passar pela esteira de segurança, onde foi solicitado que ela retirasse sua guia do pescoço e a depositasse na bandeja. Em seguida, ao atravessar o sistema de detectores de segurança, que não sinalizou nenhuma irregularidade, Lindinalva foi novamente abordada, desta vez por uma funcionária do aeroporto.

“Primeiro, fui solicitada a tirar a minha guia e a coloquei na bandeja, com o celular. Na hora, nem me dei conta de que aquilo poderia ser um ato de violação, porque é uma bolsinha de couro com uma figurinha de metal na frente.” 

Ao se dirigir para o portão de embarque, já tendo passado pelo sistema de segurança, Lindinalva foi surpreendida por uma funcionária do aeroporto.“Essa mulher me chamou, e disse ‘por favor senhora, retire esse pano’, eu disse, que não iria retirar não, porque é uma indumentária sagrada da minha religião”, explicou.

A religiosa não tirou a indumentária, e em seguida tentou registrar a abordagem com fotos, mas foi impedida de continuar fotografando por estar na área de embarque. Lindinalva relatou que, após toda a situação, a funcionária tentou tirar o celular de suas mãos. “Ela pediu que eu entregasse meu celular e apagasse as imagens. Depois, me seguiu e apareceu com dois agentes da Polícia Federal.”

A Fraport Brasil, concessionária reguladora do Aeroporto, afirmou mediante nota que não houve impedimento ao embarque da passageira e que os procedimentos foram feitos conforme as normas de segurança da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ainda foi declarado que a abordagem da Polícia Federal foi solicitada para que ela apagasse o vídeo antes de seguir viagem, pois a passageira fez registros de imagens em um local proibido.

“Eles me impediram de embarcar no meu horário normal e eles me submeteram a constrangimento público antes do meu embarque”, rebateu a passageira.

Instituições e coletivos do movimento negro prestaram apoio a ativista

O Coletivo Ofá Omi, responsável pelo convite à ativista para a roda de conversa, divulgou uma nota de repúdio e exigiu reparação. A Frente Nacional Makota Valdina também se manifestou sobre o caso, prestando solidariedade à Egbom e repudiando a ação do aeroporto.

“Essas ações não apenas desrespeitam a liberdade de expressão crença assegurada pela Constituição Federal, mas violam profundamente a identidade e dignidade de quem vive e resiste dentro das tradições de matriz africana”, declarou a instituição.

Lindinalva reforçou a importância de denunciar casos de racismo religioso.“Nós estamos buscando em todas as instâncias tudo que puder reforçar essa denúncia porque isso tem acontecido muito e a gente não pode mais tolerar isso. É uma questão pública, não é questão pessoal, todos nós de religiões de matriz africana fomos atacados”, encerrou a ativista.

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