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No romance “Inverno”, segundo livro da tetralogia “As Estações”, da autora piauiense Veronica Botelho, o racismo e as relações familiares são explorados por meio da história de Isabel, uma mulher em busca de sua identidade em um ambiente familiar predominantemente branco. A narrativa se desenvolve a partir de conflitos raciais que moldam a percepção de Isabel sobre si mesma e seu lugar no mundo. De acordo com a autora, na obra é apresentada uma reflexão sobre o impacto do racismo no âmbito familiar, ponto essencial para entender a jornada da protagonista.
O livro segue a história de “Verão”, obra de estreia da autora, mas de acordo com ela mantém-se independente, permitindo que cada título da série funcione como uma história completa. Em “Inverno”, Isabel precisa lidar com a indiferença e o racismo da avó, que condiciona seu afeto pela neta “apesar” de sua cor.
O novo romance destaca também o relacionamento de Isabel com sua mãe, Madalena, que, apesar de amorosa, é omissa em relação aos conflitos raciais que sua filha enfrenta. Essa complexidade das relações familiares é um tema recorrente nos trabalhos da autora. No contexto de “Inverno”, Isabel inicia uma jornada para descobrir sua ancestralidade após encontrar cartas de seu pai, que apresentam uma versão diferente do abandono paterno que lhe foi transmitido pela avó.
A jornada de Isabel a leva a reencontrar a família paterna e conhecer novas cidades, como Aracaju e depois na Itália, onde ela explora suas raízes culturais e questiona o passado que lhe foi negado. Segundo a autora, essas mudanças geográficas intensificam a solidão e o processo de autodescoberta da personagem, que enfrenta dilemas ligados à identidade, sexualidade e as expectativas familiares.
O racismo familiar é um dos antagonistas da narrativa, mas a personagem principal também enfrenta desafios emocionais e relacionamentos conturbados. Em “Inverno”, ela se envolve com Regina, uma mulher complexa que influencia seu amadurecimento e seus conflitos internos. Para Botelho, esse relacionamento é uma metáfora para as dificuldades de Isabel em entender e aceitar seus sentimentos, em uma constante luta para expressar-se e se afirmar.
Veronica Botelho em sua obra objetiva utilizar uma narrativa não linear para explorar a complexidade das relações de Isabel e as conexões com seu passado. Esse formato, conforme a autora, permite uma experiência imersiva onde o leitor acompanha a personagem ao longo de diferentes tempos e locais, enfatizando como o passado e as relações familiares contribuem para a construção do presente.