Por Elizabeth Souza
Às vésperas da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, aconteceu na noite desta segunda-feira (24), no Cine Brasília, o lançamento do livro “Imaginários Emergentes e Mulheres Negras”, da jornalista e professora da PUC-SP, Rosane Borges. Durante a ocasião, também ocorreu a estreia do documentário “Afrolatinas: mulheres negras em movimentos”, da cineasta Viviane Ferreira.
“Estou super emocionada, com auditório cheio, na véspera da Marcha [de Mulheres Negras], na ambiência da Marcha e com uma parceria maravilhosa que é a Revista Afirmativa. Tô no céu!”, comemorou Rosane que deu um breve spoiler sobre qual mensagem seu novo livro busca transmitir. “É uma caixa de ferramentas para implodir o imaginário e construir outros novos”, completou.

Construção que é direcionada e construída a partir da ancestralidade, afeto e sabedoria de mulheres negras, como aponta trecho descrito na contracapa da obra: “Rosane Borges se nutre de um oceano de referências para apresentar e acompanhar gestos e atos de transformação empreendidos por mulheres negras destinados a formular e a executar um novo projeto de país e de mundo”. As leitoras e leitores que adquiriram o livro foram agraciadas(os) com uma sessão de autógrafos oferecida pela autora.
Estreia
A programação no Cine Brasília também contou com a estreia do filme “Afrolatinas: mulheres negras em movimentos”, da cineasta Viviane Ferreira, exibida logo após o lançamento do livro. “O marco de lançamento do filme teria sido em 2022, para comemorar os 30 anos do Encontro de Mulheres Negras na República Dominicana. (…) O tempo nos conduziu para que o filme fosse lançado no dia de hoje”, comentou Viviane relatando a emoção do lançamento estar acontecendo dentro da agenda de atividades da Marcha de Mulheres Negras, que acontecerá nesta terça-feira (25), em Brasília.
“Eu acho que quando o lançamento do filme converge com a noite anterior à Marcha, é porque em um outro plano a nossa luta tem sido forjada e os nossos corpos conduzidos para a vitória dela”, concluiu Viviane Ferreira.
O filme revisita o marco de 1992 que instituiu o 25 de julho, Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, acompanhando trajetórias que ampliaram a força política dessa data pela região e que culmina também na criação da Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas, Afro-Caribenhas e da Diáspora. A narrativa revela como mulheres negras redesenham políticas, cultura e imaginários, e destaca o Festival Latinidades como espaço decisivo para popularizar o 25 de julho no Brasil, impulsionando uma nova geração que mantém vivo o legado iniciado na República Dominicana.
Semana por Reparação e Bem Viver
O evento promovido pela Afirmativa é um dos muitos que estão ocupando a capital federal desde a última quinta-feira (20) e seguirão até a próxima quarta-feira (26), como parte da programação oficial da Semana por Reparação e Bem Viver. As agendas são promovidas por coletivos e organizações de todos os cantos do país e também internacionais, mobilizadas em torno da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que acontece no dia 25 de novembro. Para conhecer toda a programação, acesse os perfis da Marcha nas redes sociais.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver é uma mobilização de caráter nacional e internacional, que acontece quase 10 anos depois de mais de 100 mil mulheres negras marcharem em 2015 contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver – um processo histórico que impactou e definiu os rumos da nossa organização política no Brasil e na América Latina.


