SUS substituirá exame papanicolau por teste mais eficaz para a detecção de HPV e câncer do colo uterino

O teste molecular de DNA-HPV consegue rastrear a existência de doença maligna até 10 anos antes de sua manifestação. Em caso de não detecção de HPV, paciente precisará refazer exame após cinco anos

Por Elizabeth Souza

Com o objetivo de fortalecer os métodos de prevenção do câncer de colo do útero, o Sistema Único de Saúde (SUS) substituirá o exame Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV. A mudança, que deverá acontecer de forma gradativa, atende às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que desde 2013 classifica o novo teste como o mais eficaz para a detecção desse tipo de câncer, podendo realizar o rastreio até 10 anos antes da manifestação da doença.

De acordo com a OMS, o Papilomavírus Humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo, existindo mais de 200 tipos da doença. Apesar de haver casos em que o próprio sistema imunológico elimina o vírus, em outros a doença pode evoluir para algo mais grave, como o câncer de colo de útero, sendo o tipo mais comum causado pelo HPV.

Imagem: Freepik

A realização de exames ginecológicos de rotina são muito importantes para a detecção desses problemas e para a realização do tratamento adequado. Nesse sentido, um é bastante conhecido:  o Papanicolau, usado desde a década de 1980. No entanto, ele será substituído por um outro ainda mais eficaz:  o  teste molecular de DNA-HPV.

“O Ministério da Saúde começou a trabalhar em 2021 com essa substituição, mas somente em março de 2024 foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação e Tecnologias no SUS”, explica Isadora Lima, médica ginecologista.

Com as mudanças nas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo de útero apresentadas pelo Instituto do Câncer (Inca), em março deste ano, ficou definida a mudança dos exames, que deve ocorrer em 180 dias nos municípios. 

“No caso da coleta do DNA-HPV, o que acontece é o seguinte: como se trata de um teste oncogênico, realizado por PCR e clinicamente validado, ele apresenta maior sensibilidade e especificidade para os tipos de HPV mais associados à formação de lesões precursoras do câncer. Essa característica aumenta a chance de detecção precoce de alterações, o que possibilita um diagnóstico e tratamento mais antecipados”, destaca Isadora. 

Isadora Lima, médica ginecologista – Imagem: Arquivo Pessoal

O novo procedimento pode rastrear a possibilidade de câncer de colo de útero 10 anos antes, fomentando as medidas preventivas. Caso a/o paciente não seja detectado com HPV, só precisará repetir o exame após 5 anos. 

“Outro benefício é a possibilidade da autocoleta para pacientes que enfrentam dificuldades para se deslocar até a Unidades Básicas de Saúde (UBS). Nesse sentido, a autocoleta pode aumentar significativamente a adesão desse público”, aponta Isadora, que ainda menciona os benefícios para mulheres lésbicas que não praticam relação sexual com penetração. “Elas podem se beneficiar desse método, principalmente através da autocoleta, porque é um processo mais rápido e indolor.”

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