A gravação foi resultado de uma carta aberta elaborada pela turma da formação em direitos humanos composta por familiares de pessoas privadas de liberdade
Por Redação
O Projeto Liberta realizou um vídeo denúncia que retrata a realidade de pessoas encarceradas do sistema prisional baiano. O vídeo foi resultado de uma carta aberta elaborada pela turma da formação em direitos humanos para familiares de pessoas privadas de liberdade. A capacitação tem o intuito de orientar as famílias sobre os seus direitos, os ajudando a entender qual atuação devem ter frente às violações.
“A ansiedade é grande, há nove anos estou tirando cadeia com ele, mas a cada visita é como se fosse a primeira, pois as regras mudam o tempo inteiro e não sei se realmente vou conseguir vê-lo. Na última vez, dei com a cara no portão, porque a visita era semanal, agora é quinzenal e ninguém avisou a gente. Perdi toda a comida que tinha preparado e nem aceitaram receber e entregar para meu marido o que tinha levado”, esse é um trecho da carta, destacada no vídeo, que traz a realidade e incertezas vividas pelos familiares de pessoas privadas de liberdade.
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países com maior população carcerária do mundo. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o país alcançou a marca de 909.061 presos, a maioria são de pessoas negras. As famílias dos encarcerados são diretamente atingidas:
“As familiares, digo isto, porque são majoritariamente mulheres que visitam seus maridos e filhos privados da sua liberdade, vivenciam a extensão da pena atribuída ao seu familiar e as violências vivenciadas no sistema prisional carcerário. Isto porque, essas mulheres são expostas e acometidas a uma série de constrangimentos, desde as regras para visitação que mudam constantemente, sem informação prévia, até às reiteradas revistas vexatórias, que mesmo totalmente inconstitucional, é retomada de tempos em tempos nas unidades prisionais do Estado da Bahia”, explica a advogada popular Lays Franco.
A articuladora da Frente Estadual pelo Desencarceramento da Bahia, Elaine Paixão, destacou a importância de dar visibilidade a situação dos familiares, como forma de denúncia para obter avanços na atual condução do sistema prisional baiano.
“A mídia muitas vezes reproduz a ideia de que o cárcere é um hotel. Dentro do cárcere existem diversas formas de violação absurdas para um ser humano, tortura física, falta de alimentação, pavilhões lotados, entre outras. É necessário que essa informação saia dos limites de quem lida com isso diariamente”, afirma a articuladora.
O vídeo integra as ações do Projeto Liberta, realizado pela Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais (AATR), com apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
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