Documentário que denuncia invasões em uma das maiores terras indígenas de Rondônia vence Emmy 2023

'O Território' venceu na categoria 'mérito excepcional na produção de documentários' da maior premiação da televisão norte-americana

‘O Território’ venceu na categoria ‘mérito excepcional na produção de documentários’ da maior premiação da televisão norte-americana

Da Redação

Imagem: Reprodução Redes Sociais

O documentário brasileiro ‘O Território’, que apresenta a luta do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau para defender sua terra em Rondônia, venceu o prêmio Creative Arts Emmy Awards 2023, no último domingo (7), em Los Angeles. O Emmy é o principal prêmio da televisão estadunidense, e premia conteúdo audiovisual e televisivo produzido no mundo todo.

‘O Território’ venceu na categoria “Mérito excepcional na produção de documentários”. 

Estiveram presentes na premiação os protagonistas do filme, Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau e Ivandeide Bandeira, conhecida como Neidinha, além dos produtores Txai Suruí e Gabriel Uchida, e do diretor, Alex Pritz.

Neidinha conta que a vitória de “O Território” no Emmy destaca o compromisso responsável da cinematografia ao mostrar a batalha pela democracia em Rondônia e na Amazônia. “Esse filme representa muito para os povos indígenas e para a nossa luta. Esse prêmio é de vocês, é do Brasil”, comemorou.

O documentário foi gravado em Rondônia, região Norte do Brasil, lançado em setembro de 2022 e distribuído pela National Geographic. A produção concorreu ainda nas categorias “Cinematografia excelente para um programa de não-ficção” e “Melhor direção para um programa de documentário/não-ficção”.

Na época das gravações, em 2021, a Terra Indígena do Povo Uru-Eu-Wau-Wau foi a que teve o entorno mais desmatado da Amazônia Legal. Os dados foram mapeados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

O filme acompanha as rotinas de Bitaté, um jovem Uru-Eu-Wau-Wau e da ativista Ivaneide Bandeira. A narrativa mostra como Bitaté recebe a missão de ser uma nova liderança para sua comunidade no combate ao desmatamento ilegal, queimadas, invasão e grilagem.

Já Neidinha é mentora de Bitaté, e atua ativamente na proteção da floresta e dos povos indígenas de Rondônia. Por conta das denúncias de crimes ambientais, a ativista enfrenta desafios relacionados à segurança da sua família, temática abordada em ‘O Território’.

A morte de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, em 2020, também é mostrada no documentário. O indígena fazia parte do grupo de monitoramento do seu povo, e trabalhava registrando e denunciando extrações ilegais de madeira dentro da aldeia.

A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau possui mais de 1,8 mil hectares e se espalha por 12 municípios do estado de Rondônia, divididos entre nove etnias, muitas delas de indígenas isolados. 

Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), entre agosto de 2020 a julho de 2021, a TI Uru-eu-wau-wau foi a maior vítima de ameaça e pressão de desmatamento. Nos dados dos meses seguintes, a área não foi mais a primeira, mas sempre esteve entre as 10 mais afetadas.

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