Por Elizabeth Souza
O segundo dia do Festival Latinidades, no Museu Nacional da República, em Brasília, foi marcado pela estreia do Prêmio Jacira da Silva, realizado com o objetivo de homenagear jornalistas e veículos negros em um gesto de reconhecimento pelas suas histórias e lutas no campo da comunicação brasileira. O prêmio foi pensado pelo Festival de Latinidades em parceria com o Instituto Commbne e apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A Revista Afirmativa foi uma das homenageadas e esteve representada pela jornalista Karla Souza.
Irreverente em seu longo vestido branco em plena sexta-feira de Oxalá, foi desta forma que Jacira da Silva subiu ao palco abrindo os caminhos para receber o prêmio que leva o seu nome, não à toa. Jacira foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, nos anos de 1995 a 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF).
“Emoção, emoção, emoção. Muita alegria, estou lisonjeada, honrada por ser respeitada, por ser homenageada pela profissão, por esta escolha de projeto de vida, de projeto político que não é meu, é nosso, descendentes de africanos e de africanas”, disse Jacira em um discurso em que reforçou o papel disruptivo do jornalismo negro no Brasil. Na oportunidade, a jornalista também recebeu homenagens do Coletivo de Mulheres Negras Baobá, de Brasília.
10 anos de história e de luta
Dentre as homenageadas, também estava a Revista Afirmativa que subiu ao palco sendo homenageada na categoria “Mídias Negras”, oportunidade que põe em evidência os 10 anos de trabalho por um jornalismo negro comprometido com a representatividade das pessoas negras a partir de um viés diverso e humanizado. “A Revista Afirmativa é uma organização de mídia negra criada no Recôncavo da Bahia com uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras”, pontuou Karla Souza, jornalista da Afirmativa, que foi a Brasília representando a equipe de jornalismo.
“Então, receber esse prêmio é uma forma de fortalecer e reconhecer quem somos, nossas vozes e olhares e por isso destaco nosso slogan: Somos nós, falando de nós, para todo mundo”, concluiu sendo aplaudida pela plateia presente.
Reconhecimento também comemorado por Alane Reis, coordenadora Executiva e editora de conteúdo da Revista Afirmativa. “Para nós é muito significativo e importante receber esse prêmio no Festival Latinidades, que também faz parte da nossa história. Em 2015 nós lançamos a terceira edição impressa da Revista Afirmativa no festival e desde então a gente tem fortalecido as parcerias”, destaca Alane.
“Para além disso, nesse momento em que as disputas de narrativas estão tão acirradas no Brasil referente às relações raciais, direitos humanos, democracia, é muito relevante a criação de um prêmio que homenageia profissionais negros do jornalismo que dedicam suas carreiras políticas, suas vidas, em prol da constituição de narrativas de direitos para a população negra”, completou.
Confira a lista de todos os homenageados:
Categoria Jornalistas Negras
Basilia Rodrigues – CNN
Juliana Cézar Nunes – EBC
Maju – Rede Globo (não pôde estar presente e enviou um vídeo de agradecimento)
Categoria Mídias Negras
Cultne
Revista Afirmativa
Alma Preta
Mundo Negro
Africanize