Noite de abertura do Festival Latinidades é marcada por lançamento do documentário “Afrolatinas – 30 anos em Movimentos”

O evento também contou com o lançamento de selo postal homônimo em alusão ao 25 de Julho,  Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Por Karla Souza

Na noite da última quinta-feira (25), no Museu Nacional em Brasília (DF), aconteceu a abertura do Festival Latinidades com a apresentação do preview do documentário “Afrolatinas: 30 anos em Movimentos” e o lançamento do selo postal homônimo. O evento, que acontece até o dia 27, celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha com ações que destacam a luta contínua das mulheres negras, legado, arte e tecnologia. O documentário interativo, lançado na noite de abertura, reconta a história do dia comemorativo e as lutas coletivas das mulheres negras ao longo de 30 anos.

A história do Dia da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha – celebrado em 25 de julho -, instituído em 1992 durante o I Encontro de Mulheres Negras na República Dominicana, é recontada no documentário. Este marco influenciou a criação do Festival Latinidades no Brasil, em 2008. O documentário destaca a narrativa de mulheres centrais na luta por direitos das mulheres negras, como Nilza Iraci, Lucia Xavier, Naiara Leite, Nilma Bentes, Valdecir Nascimento, Cida Bento, Epsy Campbell e Creuza Oliveira. Essas personalidades são reconhecidas por suas contribuições nas áreas de direitos humanos, educação, trabalho e política.

Para Jaqueline Fernandes, idealizadora do evento e presidente do Afrolatinas, contar a história do dia e do festival é a realização de um sonho. Ela ressalta que a iniciativa conseguiu popularizar a data, alcançar grandes feitos e, pela primeira vez, receber patrocínios diretos de empresas. “Tive a oportunidade de também fazer algumas entrevistas [para o documentário] e quando eu pergunto para uma das fundadoras do 25 de julho, como elas fizeram para reunir centenas mulheres de 70 países na República Dominicana em 1992, ela me responde por carta”, relatou Fernandes sobre a motivação para a criação do selo.

Documentário interativo

Dirigida por Viviane Ferreira, a produção audiovisual utilizou pesquisa de acervos, entrevistas e recursos digitais, e mistura imagem, texto e som com diversas formas de arte, como fotografia, literatura e música. Durante a preview, a diretora agradeceu a presença de todos, a ancestralidade, a coragem coletiva, a irmandade e compartilhou o processo criativo da produção audiovisual. “Recebi a ligação da Jaque no metrô, propondo fazer um documentário para contar os 30 anos do movimento de mulheres negras. Ela disse ‘mana, só bora’ e assim começamos. Pensamos em um documentário interativo, pois era o único edital aberto que nos permitia apresentar o tema. No meio do processo, percebemos a necessidade de um documentário imersivo e decidimos incorporar a realidade virtual.”

A experiência imersiva do documentário permite que o público explore os conteúdos exclusivos de forma interativa, utilizando uma plataforma de realidade virtual. O público poderá vivenciar os depoimentos das entrevistadas em cenários especialmente escolhidos para refletir suas trajetórias no Museu Nacional até o dia 24 de agosto. A produção também será linear e ganhará as telas do cinema e os streams.

Selo  postal homônimo

Nara Oliveira, designer responsável pela criação do selo de homenagem à data, agradeceu a Jaqueline, a Rede Afrolatina, ao Festival Latinidade e ao Correio por essa oportunidade, também declarou estar muito feliz com a realização. “O selo dos Correios para um designer, para um artista, é um marco. Eu acho que isso era um sonho que eu nem imaginava que eu tinha.”

Imagem: Reprodução Correios

Ressaltando a importância de resgatar a história desses movimentos, destacando seu papel crucial no combate ao racismo e às desigualdades de gênero, o evento contou com a presença de autoridades como a deputada federal Vilma Reis, representantes do Correios, do Ministério das Mulheres, Ministério da Igualdade Racial, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e Ministério das Comunicações.

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