Projeto “Direito à Memória” recontará a história de pessoas negras presentes na Amazônia no século XIX através de exposição fotográfica

A intervenção urbana reinterpretará imagens para resgatar a trajetória de pessoas pretas e indígenas registradas fotograficamente de forma violenta e desrespeitosa, no século XIX. A exposição acontece em setembro em diversos pontos de Manaus (AM).

Texto: Divulgação

Recontando histórias pretas na Amazônia, o projeto “Direito à Memória – Outras Narrativas”, chega a uma nova edição. A iniciativa, que teve início em 2019, se dedica a utilizar a arte para resgatar e recontar as histórias de personalidades negras que foram silenciadas e apagadas das narrativas oficiais. 

Idealizado pela artista visual e diretora artística Keila Sankofa, o projeto transmídia “realiza um enfrentamento contra as combinações e projetos de apagamento que se perpetuam sistematicamente, além de propor através da arte em parceria com a história, um olhar ampliado que narra e retifica referências negativas impostas às populações negras e indígenas no território Amazônico”, conta a idealizadora.

Na prática, se trata de uma intervenção urbana que utiliza da arte, da história e da pesquisa para resgatar a trajetória de pessoas pretas e indígenas registradas fotograficamente de forma violenta e desrespeitosa, no século XIX. 

Em uma exposição, as pessoas fotografadas, antes reduzidas a meras “coisas”, tornam-se protagonistas de suas próprias histórias, com nomes, identidades e sonhos. As imagens reinterpretadas serão representadas no mês de setembro, durante intervenções em diversos pontos da cidade de Manaus (AM), que contemplam as Zonas Norte e Leste da capital amazonense.

O designer Luiz Nascimento foi o profissional responsável pela colorização e restauração das fotos. Ele ainda realizou a suavização das expressões fotografadas, trazendo a humanização e a vida dessas pessoas.

A intervenção urbana tem como objetivo provocar reflexões sobre a identidade negra na região e desafiar a narrativa histórica tradicional que ignora ou distorce as contribuições da população afrodescendente.

O público se conectará com essas histórias através de Códigos QR que liberam áudios narrados com características semelhantes às dos retratados.

A historiadora Patrícia Melo, que pesquisa a presença negra na Amazônia, atua como suporte historiográfico do projeto. Há décadas, ela realiza um trabalho meticuloso que busca recuperar personagens, sujeitos históricos que são normalmente tratados como pessoas menos importantes pelas narrativas tradicionais. 

A partir desse trabalho, Patrícia vem constituindo um acervo documental com histórias relevantes de dezenas de pessoas de diferentes origens étnicas e sociais e dá visibilidade a esses indivíduos, que são partes estruturantes do processo de investigação. 

“Essa perspectiva de dar visibilidade para homens e mulheres que normalmente seriam desconsiderados pelas narrativas formais, faz parte do meu processo de trabalho como pesquisadora de história da Amazônia. Eu trabalho com história indígena, do indigenismo e da presença negra na Amazônia há mais de três décadas”, contextualiza a historiadora.

O projeto foi fomentado pelo Programa Funarte Retomada 2023 – Artes Visuais.

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