Por Karla Souza
Na tarde da última quarta-feira (28), a cantora Marcela Guedes, conhecida por seu trabalho como vocalista da banda Samba Ohana, enfrentou um episódio de racismo na unidade do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA).
Segundo Marcela, ao chegar na unidade do SAC um homem visivelmente exaltado e batendo na mesa exigiu que a atendente resolvesse imediatamente o problema dele. Posteriormente, enquanto Guedes aguardava uma senha para continuar o atendimento, uma outra mulher negra se aproximou e informou que o homem havia proferido ofensas racistas contra ela. O suspeito de agressão fez comentários depreciativos sobre o cabelo da artista, chamando-a de “cabelo de macaco”. A vítima decidiu concluir seu atendimento antes de confrontar o agressor.
Após finalizar o atendimento, Marcela voltou ao local e enfrentou o homem que havia proferido as ofensas. Em meio ao tumulto, nenhuma das pessoas presentes acionou a polícia, uma ação que poderia ter levado à prisão em flagrante do agressor, considerando que o racismo é um crime inafiançável.
Em busca de justiça, a cantora se dirigiu à 23ª Delegacia Territorial de Lauro de Freitas, onde registrou um boletim de ocorrência. Guedes também foi orientada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) a procurar o Centro de Referência Nelson Mandela, onde foi encaminhada para conversar com um delegado sobre o caso.
Além de denunciar o episódio às autoridades responsáveis, Marcela utilizou suas redes sociais para discutir o caso de racismo que enfrentou. Ela sublinhou como, em situações de racismo, as vítimas muitas vezes são vistas como “agressoras” e enfrentam a dificuldade de provar o impacto das agressões sofridas. “Tem gente que não tem coragem de abrir a boca, tem gente que diz que é ‘mi mi mi'”, desabafou.